Os manuscritos originais, isto é,
os que foram escritos à mão, por Moisés, João, Lucas, etc., não existem mais.
Mas antes que fossem entregues, foram copiados com muito cuidado. Depois, no
passar dos anos, estas cópias foram novamente copiadas, e assim por diante.
Mesmo tendo desaparecido os manuscritos originais, Deus tem preservado a sua
Palavra de maneira especial até aos nossos dias.
Os
manuscritos originais da maior parte do Antigo
Testamento ou Velho Testamento (A.T.
ou V.T. ou ainda AT ou VT) foram escritos em hebraico e os do Novo
Testamento (N.T. ou NT) em grego[1]. Por não entendermos essas línguas, faz-se necessário existir
traduções para o português.
Cerca
de 300 anos atrás, João Ferreira de Almeida traduziu a Bíblia para o Português.
Antes de falecer, ele já tinha traduzido o Novo Testamento inteiro e quase todo
o Antigo Testamento.
Mesmo
que os manuscritos hebraicos e gregos tenham sido copiados com muito cuidado,
as cópias que existem hoje mostram certas diferenças entre si. Até ao tempo de
João Ferreira de Almeida (JFA), era conhecido certo número de cópias dos
manuscritos gregos. Também já havia traduções em várias outras línguas. Algumas
traduções eram bem antigas, como a tradução antiga chamada Vulgata, enquanto outras eram mais recentes.
Em
1516 um holandês, Erasmo, de Rotterdam[2], publicou um Texto grego
do Novo Testamento. Ele tinha estudado os manuscritos gregos que eram conhecidos
no seu tempo, juntamente com os escritos dos líderes da Igreja Cristã dos
primeiros séculos depois de Cristo. Ele juntou todo este material, procurando
descobrir como era o original grego do NT. Quando encontravam diferenças entre
os manuscritos, ele escolhia a palavra que achava mais certa. Depois de estudar
as diferenças, ele elaborou um Texto[3] do grego que ele achava o
mais certo. O Texto grego de Erasmo foi revisado várias vezes nos anos
posteriores. A revisão que foi publicada em 1560 tornou-se muito importante na
decisão de que Texto seria aceitado pela Igreja, isto é, o “Texto Recebido” (do
latim, Textus Receptus). A tradução
do Novo Testamento de JFA foi baseada no Texto Recebido, mesmo que ele não
tenha usado manuscritos gregos no começo de seu trabalho, e sim, algumas das
traduções do Texto Recebido que já existiam em outras línguas que ele conhecia[4].
Durante
os últimos 300 anos, muitos outros manuscritos foram encontrados. Para o NT
existem hoje mais ou menos 5000 manuscritos gregos. Alguns destes contêm apenas
poucos versículos. Um deles consiste de apenas cinco versículos de João 18,
copiados uns 50 anos depois de João ter escrito o seu Evangelho. Outro
manuscrito antigo, um pouco maior, é uma cópia que data mais ou menos do ano
200 depois de Cristo. Também entre os manuscritos há uns 50 que incluem todos
os 27 livros do NT.
É
claro que queremos saber quais eram as palavras exatas do NT original. E por
isso há pessoas que dedicam muito tempo ao estudo dos manuscritos para decidir
qual é o Texto mais exato. Como é de se esperar, alguns decidem de uma maneira
e outros, de outra.
Os
que confiam mais nos manuscritos já conhecidos na época de JFA seguem o Texto
Recebido.
Outros
que confiam mais nos manuscritos achados em tempos mais recentes, seguem um dos
chamados “Textos Críticos”. Eles acham que na realidade são estes os
manuscritos mais antigos e não aqueles em que se baseava o Texto Recebido. Por
outro lado, existem algumas diferenças entre vários Textos Críticos, mas, em
geral, são muito poucas[5].
Daremos,
a seguir, os Textos em que se basearam as diferentes versões:
TEXTO RECEBIDO
Trinitariana
|
TEXTO RECEBIDO
(Modificado)
Corrigida
|
TEXTOS CRÍTICOS
Atualizada
VRe
Jerusalém
Vozes
NVI
BLH
Viva
Phillips
|
O Texto
Recebido foi usado pelos tradutores do “Novo Testamento Segundo a Sociedade
Bíblica Trinitariana”.
Uma
outra versão que segue o Texto Recebido, mas em forma modificada, é a COR. Quando João Ferreira de Almeida fez a
sua tradução; ele se baseou no Texto Recebido. Mas, no passar dos anos, sua
tradução foi revisada várias vezes, tendo os revisores usado cada vez mais os
Textos Críticos. Assim, existem ligeiras diferenças de Texto entre a TRINITARIANA e a COR.
É
bom se notar que é apenas em relação ao Texto
que existe alguma diferença entre estas duas versões. Por isso, não estudaremos
a versão TRINITARIANA aqui.
As
outras oito versões incluídas neste estudo seguem um dos Textos Críticos.
Sendo
que os estudiosos nem sempre concordam sobre qual é o melhor Texto, nós devemos
reconhecer:
1º
Que as diferenças entre os Textos não são de grande importância;
2º
Que devemos aproveitar as vantagens que as várias versões nos oferecem. As
várias versões podem ser uma benção para nós se soubermos aproveitar as suas
diferenças para melhor entendermos a Palavra de Deus.
Alguns
dos Textos Críticos não trazem algumas palavras, frases ou até mesmo versículos
que encontramos na versão COR. Daí surgiu a pergunta: “Como podemos mostrar
estas diferenças?” Entre as soluções temos três principais: usar os sinais de
colchetes (“[ ]”), usar notas de rodapé, ou simplesmente deixar de fora certas
partes.
Então, quando encontramos colchetes (“[ ]”), sabemos
que os tradutores estão em dúvida se realmente aquelas palavras fazem mesmo
parte da Palavra de Deus. Na ATU, na página anterior ao início do Novo
Testamento, existe uma explicação do uso dos colchetes. Na VRe e na BLH a
explicação dos colchetes fica no rodapé das páginas que os contêm.
A ATU tem muito mais palavras entre colchetes do que a
BLH. Na BLH as palavras e os versículos sobre as quais existem dúvidas
geralmente ficam no rodapé ou nem aparecem.
Fonte: Luz Sobre as Versões
da Bíblia; Elizabeth Muriel Ekdahl (Material Extraído da Edição
Experimental) Publicação do Instituto Lingüístico (SIL); Brasil, DF. 1988.
[2] Porto dos Países Baixos (Holanda
meridional), num braço do delta comum ao Reno e ao Mosa; 568.200 hab.
atualmente.
[3] Note que costumamos usar a palavra “texto” para
destacarmos um trecho das Escrituras em português como na seguinte frase:
“Neste texto da Bíblia vemos o grande amor de Deus”. Mas, não é com este
significado que estamos usando esta palavra aqui. A fim de destacar que ele
está falando da Palavra de Deus na língua
original estamos usando-a com letra maiúscula, como pode ser visto adiante:
“Texto”.
[4] Que seja
notado bem como está sendo usada a palavra “Texto”. Refere-se à Palavra de Deus
na língua original, isto é, em hebraico e aramaico para o AT e em grego para o
NT. É o resultado dos estudos dos manuscritos nas línguas originais. E é isto
que serve como base para as versões em português.
[5] Note bem o
seguinte: As pessoas que apóiam um Texto ou outro são igualmente estudiosas e
amantes da Palavra de Deus. Não é que um grupo seja mais temente a Deus ou mais
estudioso que o outro. A maioria das diferenças é mínima, como veremos nos
exemplos que estarão por vir. Nenhuma das diferenças muda às doutrinas básicas das Escrituras. As diferenças em nossas Bíblias, por
causa dos Textos, são de dois tipos: (1º) Um Texto, isto é, ou o Texto Recebido
ou um dos Textos Críticos, tem palavras que outro não tem, como no caso de “até à Ásia” em Atos 20.4. (2º) As
palavras são diferentes, isto é, uma ou mais palavras aparecem em um dos Textos
e outra palavra (ou palavras) aparece(m) um outro, como no caso de “me” e “te” em Romanos 8.2.
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