quinta-feira, 31 de julho de 2008

CANTO DE LOUVOR A UMA MULHER VIRTUOSA - Provérbios 31.10-20 (Ler Pv 31.10-30)[1]


§ 1 É surpreendente! A única profissão pela qual a Bíblia faz cantando um hino de louvor é para uma dona de casa! Existem mais de mil páginas cheias do que os profetas, sacerdotes e reis escreveram, mas só uma termina com um hino de louvor para o que a mulher faz diariamente. O SENHOR Deus considerou muito necessário, e não menos considerando o valor das Sagradas Escrituras, que nelas se lhes falasse – e ainda nos mínimos detalhes – sobre o que uma mulher israelita, temente a Deus, tinha que fazer a cada dia.

§ 2 Com isso fica claro que a Bíblia não é simplesmente um livro religioso no que são tratadas apenas de coisas religiosas, como o de se perdoar pecados, se orar e cantar cânticos espirituais. As Sagradas Escrituras exaltam essa mulher, não porque desde as primeiras horas da manhã até quase a chegada da noite ela esteja ocupada religiosamente como uma “monja”, mas porque ela termina o seu trabalho doméstico com ação, e, além disso, procura ganhar alguma coisa com isso. E o que é mais honroso em tudo isso? É que, pelo fato de ser uma mulher crente, fazia isso por anos e anos, então as Escrituras Sagradas a qualificam aqui de: “mulher que teme ao Senhor Deus”!

§ 3 O que é que faz e o que deixa de fazer tal mulher? Isto pode ser visto pela imagem de que um sábio desconhecido tenha pintado sobre ela. São, em 22 versículos, que estão as características mais bonitas e a mais completa de uma boa e crente mulher que, pela sua sabedoria e valentia, é uma benção para o seu lar, uma jóia para a Igreja e um apoio para a sociedade.

§ 4 O poeta traça a imagem de uma sábia mulher israelita, como a que vivia a quase 3000 anos. Por isso, o seu retrato é mostrado como “tendo sido pintado em um antigo colorido oriental”. Desde este tempo, tem existido mudanças sociais irreversíveis, no entanto, considerando-se isto, esta poesia, apesar das diferenças de tempo e cultura em que estamos, continua sendo um poema didático e atual.

§ 5 Ó quem dera que os nossos jovens considerassem atentamente este retrato de Provérbios 31, que pode nos ensinar a que tipo de jovens eles deveriam olhar para poderem encontrar uma mulher piedosa e inteligente! Mas, quão cegos estão alguns deles! Que deixam passar diante de si as moças tementes a Deus, com as quais poderiam ser felizes na alegria ou na dor, mas só colocam os seus olhos na “beleza e no encanto”. Mas, que pena quando mais tarde abrem os olhos! E, quem dera se os nossos jovens não tomassem como exemplo as moças que têm como modelo as “estrelas” do cinema ou da música pop, mas a esta sábia mulher de Pv 31!

***

§ 6 VERSÍCULO 10 - Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias”: Não é que apenas existam raramente tais mulheres, pois existem muitas delas que se comportam bem, (veja-se verso 29). No entanto, há como encontrá-las, no entanto não podem ser encontradas doze delas em uma dúzia. Elas podem ser encontradas apenas entre aquelas que temem ao SENHOR, (veja-se verso 30). Esta mesma mulher é tão preciosa como a mesma sabedoria, a qual também é mais valiosa do que as perolas (veja-se Pv 3.15 e 8.11). Quem encontrou uma delas, “acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR” (veja-se Pv 18.22). É um presente de Deus e “a coroa do seu marido” (Pv 12.4), pelo que este homem deve agradecer freqüentemente, e os jovens que quiserem uma destas, devem pedi-la seriamente, como sabiamente fazem os pais piedosos pedindo a tempo ao SENHOR uma mulher assim para os seus filhos.

§ 7 VERSÍCULO 11 - “O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho”: Literalmente esse verso quer dizer: “o coração de seu senhor, possuidor confia nela....”. Isso não quer dizer que ela seja a sua escrava sem vontade, dominada por ele, pois não existe nada que possa ser dito sobre ela que a respeito de que seu marido, venha chegar a desprezá-la e/ou que também venha desfazer-se de sua autoridade. Sobre inibições e frustrações por causa de determinações proibitivas também não encontramos nada. Antes pelo contrário, o fato de se ser mulher é para ela uma alegria.

§ 8 Certamente, na palavra que é traduzida de “senhor ou possuidor” ressoa a ordem de Deus que diz que o homem é ordenado para ser o cabeça da mulher. Sobre tudo, não se deve desvalorizar a grande responsabilidade que Deus colocou sobre ele! Como cabeça, foi chamado para cuidar dela e protegê-la “como se fosse o seu próprio corpo” (Ef 5.28). Também como cabeça da família tem a responsabilidade principal diante de Deus; e ela, por sua vez, possui a autoridade sobre os seus filhos e as pessoas que trabalham para a família.

§ 9 Isto não é “particularmente coisa do Velho Testamento” ou algo oriental, pois o Novo Testamento ensina a mesma ordem divina: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1Co 11.3; veja-se Ef 5.22-24). Os homens devem amar as suas mulheres assim “como também Cristo amou a igreja” (Ef 5.25 e Cl 3.19). Se eles fizerem isto, é impossível que fiquem autoritários e duros, como muito menos o é o marido desta mulher virtuosa.

§ 10 Antes pelo contrário, ela ganha o seu coração e é a sua amiga, a sua confidente em quem ele pode se realizar e com quem ele pode falar tudo, (veja-se verso 26). Quando ele sai para trabalhar, pode tranquilamente deixar que ela resolve os assuntos, sem medo de que ela venha cometer algum falta. Ele a deixa totalmente livre e lhe entrega toda a sua confiança; e isto de maneira alguma a deixa envergonhada. A continuação desta poesia nos deixa ver quantas vantagens de todo tipo ela procura para a sua maneira de viver, e quanto o seu marido gosta por causa disso.

§ 11 VERSÍCULO 12 - “Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida”: Criada por Deus e como ajudadora adequada do homem (Gn 2.18), ela procura felicidade e não desgraça. Assim começou o matrimônio desta jovem mulher, e assim continuou como mãe de seus filhos (Pv 31.28). E se ela o apóia, faz isso muito bem cuidando dos seus filhos, de suas posses e de seu bom nome. Em seu matrimônio não é egoísta para si mesma, mas, primeiramente está disposta a dar e não a receber. Nos versículos seguintes lemos como ela coloca a disposição de todos os seus dons e interesses.

§ 12 Sem dúvida nenhuma, além de tudo ela é estimulada pela confiança e pela consideração (verso 29) que ele lhe mostra. A palavra amor não é dita nesta poesia, mas em cada linha podem-se ouvir os frutos do amor pelo qual o marido e a mulher se inspiram mutuamente em surpreendente harmonia.

§ 13 VERSÍCULO 13 - “Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos”: A mulher israelita não podia comprar vestidos de confecção; ela mesma tinha de confeccionar, com a lã e o linho, toda a roupa com as suas próprias mãos, e sem máquina de costurar. Antes de começar a fiar tinha que trabalhar bastante antecipadamente. Exatamente, a roupa de linho externa e a roupa interna era feita como algo de alta qualidade. Também eram feitos com o linho fortes cordões e pavios de lamparinas. Tudo isto esta mulher fazia com boa vontade; literalmente este verso diz: “com a satisfação de suas mãos” (veja-se também Cl 3.23).

§ 14 VERSÍCULO 14 - “É como o navio mercante: de longe traz o seu pão”: Junto de suas qualidades domésticas existia algo de um espírito ativo de um comerciante, que leva a terminar longas viagens com os seus barcos, para poderem voltar com as suas mercadorias valiosas. Assim, muito menos representa para ela grande trabalho quando se trata do assunto de sua família. Quando é necessário ela faz chegar de longe se o daí for melhor do que aquilo que está perto. Certos jovens e homens adultos algumas vezes pensam desprezivelmente: “limpar a casa? Cozinhar? Lavar a roupa? Isso não exige ciência alguma!” Mas na verdade essa tarefa exige muito mais talento, organização, visão econômica, autodisciplina, zelo, habilidade, força corporal, desejo e criatividade do que em algumas profissões!

§ 15 Versículo 15 - “É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas”: Não é preguiçosa de maneira nenhuma, pois ainda à noite não tendo passado, já está de pé para poder procurar o pão para a sua família e para as empregadas de sua casa, porque, em uma economia israelita, o pão deveria ser preparado diariamente. Era um trabalho cansativo, porque se devia transformar a farinha ou o grão de trigo ou cevada, por meio de um pesado moinho manual.

§ 16 Essa ordem e regularidade em que descansa toda a vida familiar dão prova de sua alta preocupação. Dessa maneira ela também aos seus filhos, desde pequenos, a se acostumarem a isso, e também nisto parece que a faz temer ao SENHOR, porque Ele claramente também tem tempos fixos para qualquer coisa. Não existe mais necessidade de se simplesmente vermos em sua criação na natureza e na regularidade nas estações anuais como Ele claramente a ordenou (veja-se Dt 23.13).

§ 17 VERSÍCULO 16 - “Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho”: Toma o seu trabalho com toda vontade que tem e “arregaça as mangas” decididamente (veja-se verso 25). Ela não tem medo do trabalho duro.

§ 18 VERSÍCULO 18 - “Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite”: Sob a sua hábil direção, tudo na sua casa caminha maravilhosamente bem. Um sinal convincente de ordem e bem estar é a pequena lâmpada de azeite. Esta normalmente era um pequeno prato na qual a pequena peça era segurada pelos dedos polegar e indicador. Esta peça de onde a chama saia, comumente, ardia com azeite de oliva. Ela devia arder dia e noite pelo azeite, com o propósito do mesmo poder servir como o seu próprio acendedor, pois os fósforos ainda não tinham sido inventados. Quando o azeite, por algum descuido, não era recolocado novamente a tempo na lâmpada e ela s apagava, tinha-se que acender o fogo novamente de uma maneira muito trabalhosa. No entanto, sob a direção desta mulher, a lâmpada também ficava em ordem.

§ 19 VERSÍCULO 19 - “Estende as mãos ao fuso[2], mãos que pegam na roca[3]: Os tecidos de lã eram os principalmente feitos. Para tecidos mais “pesados” eram utilizados pelos de cabras e camelos. Destes eram feitas tendas, sacos, roupas de luto e grosas mantas para os pastores, (veja-se Mt 3.4). Assim, aquela virtuosa israelita nunca misturaria lã com linho (fibra e tecido), porque o SENHOR tinha proibido, como uma lembrança simbólica da separação de Israel dos pagãos, e um estímulo a os manterem distantes de seu horrível estilo de vida (veja-se Dt 22.11; confira-se Lv 19.19).

§ 20 VERSÍCULO 20 - “Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado”: Ela não apenas é zelosa, mas é também misericordiosa e amorosa, pois age segundo o mandamento com respeito aos pobres: “Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes. (...) livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra” (Lv 15. 10 e 11).

§ 21 Apesar de que é uma exata dona de casa, o seu interesse chega mais longe do que o pequeno mundo em que a sua família se limita. A pobreza e a miséria fora de sua casa não escapam de seu olhar atento.



[1] DEURSEN, Frans Van. Provérbios. Apartado 1053, Rijswijk, Países Baixos (Z.H.). 426 pág. – 2003, FeLiRe FUNDAÇÃO EDITORIAL DE LITERATURA REFORMADA (STICHTING UITGAVE REFORMATORISCHE BOEKEN). - Tradutor ao espanhol: Juan T. Sanz. - Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

[2] Instrumento de fiar em que se enrola o fio torcido a mão.

[3] Haste de madeira onde se enrola o fio (de linho, algodão, lã etc.) que se quer fiar.

~ Dicas para Autores (Para se Escrever Bem) ~

Referentes a artigos, capítulos, e livros inteiros

1. Para iniciar: antes de desenvolver um tema, faça uma lista de tudo o que diz respeito a ele, tudo o que você acha que é interessante comunicar.

2. Depois analise esta lista e destaque os sub-temas que podem ter alguma ligação entre si. Você não deve incluir todas as informações que sabe a respeito de um tema; é melhor escolher algumas que tenham algo em comum e desenvolvê-las, sob uma seqüência lógica.

3. Se o objetivo da obra é trabalhar conceitos cristãos para desenvolvê-los em grupo, os escritos devem conter estudos que levem a uma reflexão, normalmente encerrando com 2-3 perguntas. Não deve ser mais que isso a não ser que você esteja escrevendo estudos para um contexto onde terão mais tempo para refletir encima de suas perguntas, como num grupo familiar.

4. Tema central e seqüência lógica: O começo, meio e fim devem ser claros e o tema claramente destacado. Do contrário, é fácil tornar-se excessivamente repetitivo e andar em círculos, perdendo o rumo do que realmente quer comunicar. Para alcançar essa seqüência, você pode seguir os seguintes passos:

A. Começo: O primeiro parágrafo deve conter a idéia central do texto. Você introduz o assunto de maneira geral e vai delimitando o tema dentro de um parágrafo até dizer, em uma frase final, qual é a sua tese. (Em caso de textos extensos, você pode introduzir o capítulo no primeiro parágrafo e delimitar o tema, a tese, no segundo.)

B. Meio: Os parágrafos seguintes devem conter argumentos que provem que suas idéias são válidas. Aqui entram as diversas citações bíblicas, citações de outros autores, etc. Este é o momento de defender as suas idéias, de levar o leitor a crer no que está lendo, de convencê-lo a pensar como você, usando todos os seus artifícios. Observe que para defender uma idéia, eu vou utilizar argumentos que a confirmem, que dêem uma contribuição positiva à ela. Não é expediente entrar em explicações minuciosas do lado negativo do argumento, pois acabam contradizendo o que eu quero defender, ou fogem do tema central. A cada frase escrita, devemos nos perguntar: o que escrevi contribui indispensavelmente para a defesa da minha idéia e está diretamente ligado ao tema central? Em caso de resposta negativa, não vale a pena escrever a tal frase, pois atrapalha a comunicação com o leitor. Ele perde a concentração no tema e acaba se desanimando.

C. Fim: Depois de desenvolver todos os sub-temas que você definiu como relevantes e indispensáveis, está na hora de concluir. A conclusão trata-se de uma síntese clara, sem rodeios, do que você defendeu. Pode incluir uma reflexão ou aplicação prática, como chave de ouro; uma idéia fixa que continua martelando na cabeça do leitor após a leitura. No caso de conclusões de capítulos, não deve passar de dois ou três parágrafos. Para um livro, a conclusão pode ser de um capítulo, porém mais curto que os outros.

5. A clareza e a objetividade são fundamentais para manter a atenção do leitor. Simplifique ao máximo a leitura. Frases curtas e cheias de significado facilitam a leitura. Seja objetivo: diga o que quer dizer sem rodeios. A intenção de uma obra para reflexão é expressar uma idéia. Não deve se perder na função poética da linguagem. Isso é para obras literárias, não informativas. A repetição de palavras, os ecos nas sílabas finais e as cacofonias devem ser evitadas. Os adjetivos e advérbios de modo podem ser restritos. Às vezes, uma oração está tão carregada de adjetivos e advérbios que chega mais perto da descrição do que reflexão, e o leitor acaba se perdendo em saber qual a idéia que o autor quer passar.

6. A coesão e a coerência são aspectos indispensáveis. É preciso evitar contradições. Se você utiliza um argumento cujo lado positivo defende seu tema, não deve se prender no lado negativo. As citações também devem estar de acordo com o tema. A conclusão deve estar coerente com o meio e a introdução. É preciso ter harmonia no texto, concordância, associação, ligação entre idéias.

7. Podemos estabelecer um título para o livro antes de escrever, mas a delimitação do tema deve ser reavaliada após o livro ter sido escrito. O mesmo ocorre com a introdução. Isso por que muitas vezes acabamos fugindo do tema, o que não deve ocorrer, ou simplesmente vamos dando outro direcionamento no texto no decorrer de seu desenvolvimento. Assim, é preciso avaliar a introdução, o tema e o título depois do livro ser escrito.

8. Colocando-nos no lugar do leitor: a escrever, devemos considerar não apenas a nossa comunidade próxima, cuja cultura e pensamentos já conhecemos. È importante considerar também as outras comunidades, uma série de pessoas desconhecidas com outras culturas e pensamentos, mesmo todas estando envolvidas de alguma forma no meio cristão. Assim, a cada expressão que escrevemos, devemos nos perguntar: será que tenho base bíblica e teológica para afirmar isso? Como meus leitores vão receber essa informação? Se não tomarmos cuidado nessa área, podemos cair em descrédito e não alcançarmos o alvo pretendido.

Em conclusão, considere o seguinte texto por Beverly Ballaro e Christina Bielaszka-DuVernay: “Antes de apresentar seu projeto, é importante fazer uma edição final do texto. Você poderá encontrar pequenos erros, pontos esquecidos... Esse trabalho é dividido em duas partes: estilo e clareza.

Na primeira metade você deve se concentrar, no plano microscópico, na mecânica e no estilo. Você revisou duas vezes a ortografia de qualquer palavra sobre a qual se sente inseguro? Alguma de suas frases é muito longa ou complicada? Você pôs aspas nos lugares corretos? Cada uma das sentenças tem sentido? Alguém que ignore o tema pode compreender o que você tenta dizer?

Uma vez que tenha solucionado os problemas de estilo, é importante analisar seu texto a partir de uma perspectiva telescópica. A segunda parte de sua lista de controle deve destacar temas de estrutura, clareza e fluxo da escrita.

Sua escrita tem um ponto convincente? Chega a uma conclusão coerente? Você oferece ao leitor exemplos específicos ou memoráveis para respaldar seus pontos de vista? As transições entre as seções do seu texto são suaves e lógicas? Sua escrita conta com um ritmo adequado de maneira que dá confiança ao leitor do começo ao fim? Passando por esse pente-fino, a revisão do texto de seu projeto está finalizada”.

Distribuído por “The New York Times Syndicate”

Camila Lopes, Dicas para Autores - Revisada, 17/06/05

Nesta página, como em qualquer outra neste site, é permitida total cópia dos textos aqui publicados para que você possa usar em seu ministério. Fique a vontade em fazer modificações

~ ERROS GROSSEIROS NA LÍNGUA PORTUGUESA[1] ~

Na relação abaixo, a forma correta encontra-se em negrito entre parêntese:

1) Casas germinadas. (Casas geminadas).

De gêmeos só pode sair geminado, geminada, etc.

2) Ser de menor, ser de maior. (Ser maior, ser menor).

A preposição de, aí, é perfeitamente dispensável.

3) Repetir/Passar de ano. (Repetir/Passar o ano).

Repetir ou passar de ano é coisa de italiano.

4) Ficar de recuperação (Ficar para recuperação).

Ninguém fica de recuperação nem de segunda época.

5) Meu aniversário caiu de domingo (Meu aniversário caiu num domingo).

O verbo cair, nesse caso, pede a preposição em.

6) Meu aniversário caiu em dia de domingo (Meu aniversário caiu num domingo).

Na Bahia diz-se muito em dia de domingo, em dia de sábado, etc.

7) O filho saiu ao pai, cuspido e escarrado (O filho saiu ao pai, esculpido e encarnado).

O povo trocou alhos por bugalhos.

8) Saiu elas por elas (Saíram elas por elas).

9) Tive a súbita honra de saudar o presidente (Tive a subida honra de saudar o presidente).

Subida significa elevada, alta.

10) De sábado não trabalho (Aos sábados não trabalho).

Se a ação se repete regularmente, usa-se o plural com a preposição “a”.

11) Faltei pouco para não morrer (Faltou pouco para não morrer).

O sujeito do verbo faltar é pouco, e não eu.

12) Mandato de segurança (Mandado de segurança).

Os magistrados expedem mandados.

13) Estar no aguardo de notícias (Estar aguardando notícias).

Alguém muito distraído inventou a expressão no aguardo.

14) Apêndice estuporado (Apêndice supurado).

Nenhum apêndice no mundo pode estar estuporado.

15) Caderno aspiral (Caderno com espiral).

Em algumas regiões do Brasil só se vê caderno aspiral...

16) Estou quites com o Serviço Militar (Estou quite com o Serviço Militar).

Quite se usa para o singular; quites, para o plural.

17) Se eu ver, se ela ver, se nós vermos, etc. (Se eu vir, se ela vir, se nós virmos, etc.).

O futuro do subjuntivo do verbo “ver” é com “i” e não com “e”.

18) Neusa é média (Neusa é médium).

Médium se usa tanto para o homem quanto para a mulher.

19) A mala está leviana (A mala está leve).

Leviano é imprudente, sem seriedade: pessoa leviana.

20) Fiquei fora de si (Fiquei fora de mim).

Si” é pronome de 3ª pessoa; fiquei é de 1ª; é preciso existir correspondência de pessoas.

21) Não sai por causa que estava chovendo (Não sai porque estava chovendo).

Por causa que é invenção popular.

22) Dessas mulheres, só conheço umas par delas (Dessas mulheres, só conheço algumas delas).

Umas par delas é brincadeira de mau-gosto.

23) Vou trocar-me em dois minutos (Vou vestir-me ou trocar de roupa em dois minutos).

Não se deve usar trocar-se por vestir-se ou trocar de roupa.

24) O paciente sofreu melhoras (O paciente sentiu melhoras).

Sofrer melhoras é contra-senso.

25) Ele já se acordou (Ele já acordou).

É impossível que alguém se acorde.

26) O motorista perdeu a direção do veículo (O motorista perdeu o controle do veículo).

Perder a direção é perder o rumo, não saber ao certo onde se encontra.

27) Se ele não pôde comprar isto, que dirá eu! (Se ele não pôde comprar isto, que dirá de mim!)

Pode-se usar ainda muito menos eu! Ou quanto mais eu!

28) Estou com pigarra. (Estou com pigarro).

Pigarra quem tem é galinha.

29) Tenho menas sorte que você (Tenho menos sorte que você).

Só diz menas quem tem menos...

30) Inimigo fidagal. (Inimigo figadal).

O fígado era, segundo os antigos, a sede da ira, do ódio.

31) O rapaz puxava uma perna (O rapaz puxava de uma perna).

Todos os que coxeiam, puxam de uma perna.

32) Luiz é muito xereto (Luiz é muito xereta).

O que se vê muito por aí são homens xeretas. E mulheres, nem se fale....

33) O pessoal não gostaram do filme (O pessoal não gostou do filme).

Pessoal, assim como turma, exige o verbo no singular.

34) Prova dos nove (Prova dos noves).

Todos dizem noves fora, mas incompreensivelmente prova dos nove. Os nomes de algarismos variam normalmente quando substantivados.

35) O ministro tinha trago a solução para a crise (O ministro tinha trazido a solução para a crise).

O verbo trazer não é abundante.

36) Eu tinha falo a verdade (Eu tinha falado a verdade).

O verbo falar também não é abundante.

37) Horas extra (Horas extras).

Nesse caso extra é um adjetivo (equivale a extraordinário), e não um prefixo.

38) Eu procurava um emprego que condizesse com meu nível cultural (Eu procurava um emprego que condissesse com meu nível cultural).

Muito bom, ótimo o nível cultural de quem diz condizesse...

39) Não poderíamos dizer isso perante a ela (Não poderíamos dizer isso perante ela).

Perante já é preposição; não há necessidade de se usar duas preposições.

40) Não vou lá de hipótese nenhuma (Não vou lá em hipótese nenhuma).

Convém não dizer nem escrever isso em hipótese nenhuma.



[1] SACCONI, Luiz Antonio. Não Erre Mais: Mais de 5.000 casos, corrigidos, comentados e explicados. São Paulo: Ática, 8ª ed. 296 p.

ANALFABETO FUNCIONAL É AQUELE QUE SABE, MAS NÃO GOSTA DE LER - (Gabriel Perisse*)

(Gabriel Perisse*)

Mário Quintana disse certa vez: “Os analfabetos de hoje são os que aprenderam a ler e não lêem”. E são mesmo.

Muitas pessoas afirmam que nada lêem, ou que lêem de vez em quando. A leitura ocupa os últimos lugares, quando relacionam suas atividades culturais ou de lazer. Vêem TV, cinema, teatro, shows, imagens no computador, fotos nas revistas, ouvem música, conversam, cantam, dançam, andam de bicicleta. E no entanto, tudo mundo sabe que o hábito de ler é meio caminho andado para uma pessoa ser socialmente saudável e, em qualquer área, um profissional competente. Quem não reserva algumas horas semanais para a leitura, pensa confusamente, fala mal e escreve pior ainda. Sofre de analfabetismo funcional.

Neste sentido, a redação do vestibular e os textos, documentos e cartas sociais e de trabalho têm sido um bom termômetro cultural. São muitos, são milhares os que ficam perplexos na hora de redigir sobre um tema, mesmo acessível. Não sabem por onde começar e como concluir. Escrevem frases jogadas, sem nexo, perdidas. Sua linguagem tropeça e cai.

Subdesenvolvimento mental – Assim, quem não lê encontra-se em nível de subdesenvolvimento mental. O remédio, contudo, existe e é muito simples: Ler com sentido crítico, isto é, sabendo o quê e por quê.

É lendo que conquistamos o domínio da língua, depósito vivo do pensamento, da criatividade, da eloqüência. É lendo que conseguimos compreender a opinião dos outros, aprendemos a raciocinar por conta própria, a julgar com maturidade, sem dogmatismos, a desenvolver argumentos para defender ou criticar acontecimentos e condutas.

No âmbito da literatura, por exemplo, é uma boa receita procurar romancistas e poetas que eduquem a nossa sensibilidade, autores que sempre tenham algo mais a nos dizer. Para quem gosta de conhecer detalhes da história, existem biografias que, reproduzindo testemunhos vivos, são os documentos mais confiáveis. No âmbito do conhecimento geral, clássicos e modernos que nos permitam compreender os problemas cruciais da humanidade.

Não é muito importante estar a par da lista dos mais vendidos, divulgada pela imprensa. Fundamental é sabermos escolher os nossos livros, aqueles clássicos, pessoais de que falava Ítalo Calvino. Escolha nascida do amor e não da obrigação ou do respeito distante. É destes autores que aprenderemos os verdadeiros valores – os valores humanizantes.

*GABRIEL PERISSE é professor de Literatura e de

Redação, bacharel pela UERJ, e mestre pela USP.

~ NOTAS SOBRE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO ~

“A MAIOR FONTE DE ENRIQUECIMENTO DOS IDIOMAS EM TODOS OS TEMPOS É A INCORPORAÇÃO DE VOCÁBULOS VINDOS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E DE REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS[1]

O acordo ortográfico que leva a sua assinatura desde 1990 (esse acordo foi estabilizado neste ano pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), possuindo sete membros – Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe (o Timor Leste também fez a sua adesão)t voltou a se mostrar novamente visando unificar a escrita do português nos paises que o adotam como língua oficial. O Ministério da Educação e Cultura chegou a anunciar a vigoração da Lei (reforma no Brasil) já para 2008, no entanto, esta data foi desprezada. Por mais desprezível que pareça, essa discussão não se acabará assim porque tem implicações profundas de ordem técnica (compare-se ex.: EUA – inglês) e comercial (compare-se ex.: Paises da América Latina, mais especificamente os de – língua espanhola), além de provocar ainda mais ansiedade nos milhões de brasileiros envolvidos em dúvidas na sua busca diária para se falar e se escrever bem. O acordo, sumariamente, diz como se deverão ser usados os hífens, e os acentos agudos e ainda outros desses minúsculos sinais gráficos que fazem com que muitas reputações fiquem em desequilíbrio[2].

Como cita o lingüista britânico David Crystal (66 anos) (Professor honorário de lingüística da Universidade do Pais de Gales, em Bangor, sendo uma das maiores autoridades mundiais em linguagem. É Autor da Obra: A Revolução da Linguagem (Jorge Zahar)): “a globalização e a revolução tecnológica da internet estão dando origem a um novo “mundo lingüístico””; por causa disso é que se cresce e se crescerá ainda mais a consciência de que as línguas bem faladas, protegidas pela norma culta, são ferramentas de cultura e também arma da política, além de ser riquezas econômicas.

“O português cresceu muito enquanto seus “navegadores” exploravam os “mares nunca dantes navegados” cantados por Luiz de Camões. “Calcula-se que o português medieval tinha perto de 15 000 vocábulos. Em meados do século XVI, com a expansão marítima o total chegaria a 30 000, 40 000”Mauro Villar, filólogo, do Dicionário Houaiss.

  • O Houaiss tem perto de 230 000 verbetes.
  • O Oxford English Dictionary o famoso “OED”, registra 615 000.
  • Só as palavras necessárias à pratica da medicina estariam na casa de 600 000 palavras.
  • Os dois são recortes muito limitados de um universo vocabular em constante expansão.

VALORES QUASE QUE ABSOLUTOS PARA A ECONOMIA

“Os valores de uma língua se relaciona com a sua capacidade de incentivar os intercâmbios econômicos” – José Luiz Garcia Delgado, economista.

· O Espanhol tem: cerca de 450 milhões estando praticamente no mesmo nível do Inglês.

· O Português fica em torno de 250 milhões.

· Mas quem domina a Internet é o Inglês: (Fonte: World Stats – Site que concentra números mundiais sobre a rede)

· 30 % dos usuários da rede falam inglês;

· 9 % dos usuários da rede falam português;

· CONTUDO, O INGLÊS É FORTE COMO SEGUNDA LÍNGUA.

CITAÇÕES DE ESPECIALISTAS

“minha pátria, minha língua”

“Creio que a unificação do português tem um sentido político positivo. Aumenta o conceito da língua como nação. A Adaptação talvez seja difícil. Mas a língua é um organismo vivo e vai seguir em frente. No meu trabalho de compositor, a ortografia repercute pouco. Nas letras de rock, a gente trabalha com a informalidade, com a fala da rua” – Tony Bellotto, músico da banda Titãs, autor de Bellini e a Esfinge e apresentador do programa Afinando a Língua.

“meia sola ortográfica”

“Sou contra o acordo. Sei que isso é um tiro no próprio pé, pois, se o acordo passar, vou ser chamado para fazer muitas palestras. Mas não quero esse dinheiro, não. Com outro espírito, outra proposta, uma unificação talvez fosse possível. Mas esta é uma reforma meia-sola, que não unifica a escrita de fato e mexe mal em pontos como o acento diferencial. Vamos enterrar dinheiro em uma mudança que não trará efeitos positivos” – Pasquale Cipro Neto, professor de português.

“PREGUIÇA CÉTICA”

“Encaro com grande ceticismo esse acordo ortográfico. É uma reforma tímida, que não traz grandes inovações. Mas não gostei. Queria que meus tremas ficassem onde estão. Os escritores mais velhos e mais preguiçosos têm de confiar no pessoal da editoração para fazer as mudanças necessárias no texto” – João Ubaldo Ribeiro, escritor, autor de Sargento Getúlio e Viva o Povo Brasileiro.

“SIMPLES E CIVILIZADA”

“A unificação já devia ter ocorrido antes. É uma medida civilizada. A diferença na escrita dos países que falam português atrapalha o intercâmbio econômico e editorial. Como toda reforma, essa proposta tem suas falhas. Mas acho ótimo, por exemplo, o fim do trema. Sou a favor de tudo que vai no sentido da simplificação” – Lya Luft, escritora, autora de Perdas & Ganhos e colunista da Revista VEJA.

“MUDANÇA TÍMIDA” – O ÚNICO QUE CONSIDERA A UNIFICAÇÃO IMPORTANTE DO PONTO DE VISTA DA POLÍTICA DA LÍNGUA FAZENDO RESTRIÇÕES AO CONTEÚDO DA REFORMA QUE TERIA PERDIDO A OPORTUNIDADE DE RACIONALIZAR ALGUMAS REGRAS

“Do ponto de vista político, a unificação ortográfica é importante. Implica numa maior difusão da língua portuguesa nos seus textos escritos. Mas a reforma poderia ter avançado mais e de forma mais inteligente na racionalização dos acentos e do hífen. As regras ainda são pouco acessíveis para o homem comum” – Evanildo Bechara, gramático, membro da Academia Brasileira de Letras.

Evanildo Bechara cita algumas palavras que continuaram sendo grafadas de duas maneiras, conforme a pronúncia ou as idiossincrasias[3] de cada país:

  • Cómodo (Potugal) e
  • Cômodo (Brasil)
  • Berinjela (Brasil) e Beringela (Portugal).
Conclusões

As diferenças culturais infelizmente não se resolvem apenas com algumas correções de canetas. Mesmo com a unificação um humilde carpinteiro brasileiro, por exemplo, com um manual em língua portuguesa na mão talvez fique admirado com a palavra “berbequim” que quer dizer “furadeira”. De outro lado a grafia lusitana cheia de letras mudas – tecto, facto, acto – Não impediu o português José Saramago de ser Primeiro Lugar em Vendas de Livros.

Como a natureza, a arte e a inteligência sempre encontram uma maneira de se manifestar. Com a ajuda de uma norma culta e amplamente aceita, esse trabalho fica mais fácil.

O que Muda com a Entrada em Vigor do Acordo Ortográfico que Pretende Unificar a Escrita da Língua Portuguesa no Mundo

MUDANÇAS NA ESCRITURA BRASILEIRA

ü – O trema deixa de existir. Não existirá mais acento sobre o u de palavras como: tranquilidade, linguiça, quiproquó e etc.

óOs ditongos ei e oi em sílabas tônicas de palavra paroxítona deixam de ser acentuadas. Fica sendo o canso então de: heroico, paranoico, ideia, assembleia, etc.

ê – O circunflexo que assinalava as vogais tônicas fechadas cai em certas formas verbais paroxítonas nas quais existem duas letras e: creem, leem, veem, etc.

ôTambém desaparecerá o sinal circunflexo de paroxítonas com oo no final, como: voo e enjoo.

ú – As paroxítonas com u e i tônicos precedidos de ditongo deixam de ser acentuadas. Serão os casos de: feiura, boiuno, cheiissimo, e etc.

Vários acentos diferenciais deixaram de existir. A maioria já não tinha muito sentido, como o acento na palavra: polo (pôlo), para diferenciá-lo como substantivo da contração antiga = por + lo. O mais importante acontece na palavra para – a preposição e a flexão do verbo parar passando a ser grafadas da mesma forma, sem acento.

MUDANÇAS NA ESCRITA PORTUGUESA E AFRICANA

Deixaram de existir o h inicial de palavras como: erva e úmido.

Desaparecerão definitivamente as consoantes mudas c e p. Assim: tecto, acção, eléctrico, baptismo, óptimo, passando a ser grafadas à moda brasileira: teto, ação, elétrico, batismo, ótimo, etc.

HÍFEN

Deixa de ser usado nos casos em que a raiz da palavra começa em r ou s. A letra, no caso, será duplicada, como nos casos de: extrarregular e antissemitismo – a não ser que os prefixos terminem em r, como nas palavras: hiper-radical, inter-regional e super-rato.

O QUE NÃO SERÁ UNIFICADO


Certas palavras em que a vogal tônica pode ser “aberta” ou “fechada”, dependendo do país, continuam a levar acento circunflexo no Brasil em agudo em Portugal:


BRASIL

Antônio

Tônica

Cômodo

PORTUGAL

António

Tónica

Cómodo


Hífen

Emprega-se o hífen (ou traço-de-união) nos seguintes casos:

a) nos compostos em que os elementos mantêm sua acentuação própria, mas perdem os significados individuais, sugerindo uma nova unidade semântica para o conjunto lingüístico: água-marinha, arco-íris, couve-flor, pé-de-moleque, peixe-boi, sempre-viva etc.;

b) nas formas verbais com pronomes enclíticos e mesoclíticos[4]: amá-lo, dizer-lhe, fa-lo-á, oferecê-los-ei etc.;

c) com os pronomes oblíquos (lo, la, los, las) enclíticos[5], combinados com os pronomes nos e vos e com a forma eis: no-lo, no-la, no-los, no-las, vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las, ei-lo, ei-la, ei-los, ei-las;

d) nos adjetivos compostos, mesmo que haja redução do primeiro elemento: à-toa, anglo-americano, austro-húngaro, histórico-geográfico, latino-americano, luso-brasileiro, sino-japonês, póstero-superior etc.;

e) nos vocábulos formados por sufixos que representam formas adjetivas, como -açu, -guaçu e -mirim, quando o primeiro elemento termina em vogal acentuada graficamente ou quando o requer a pronúncia: andá-açu, capim-açu, maracujá-açu, amoré-guaçu, sabiá-guaçu, anajá-mirim, paraná-mirim etc.;

f) nos vocábulos formados pelos prefixos auto-, contra-, extra-, infra-, intra-, neo-, proto-, pseudo-, semi- e ultra-, quando seguidos de palavras que começam com vogal, h, r ou s: auto-escola, auto-hemoterapia etc.; contra-ataque, contra-harmônico, contra-regra, contra-senso etc.; extra-oficial, extra-humano, extra-regularmente, extra-sensível etc.; infra-estrutura, infra-hepático, infra-renal, infra-som etc.; intra-uterino, intra-hepático, intra-raquidiano, intra-sinovial etc.; neo-escolástica, neo-hegelianista, neo-realis-ta, neo-socialista etc; proto-árico, proto-história, proto-satélite, proto-sulfureto etc.; pseudo-apóstolo, pseudo-herança, pseudo-revelação, pseudo-sábio etc.; semi-analfabeto, semi-histórico, semi-racional, semi-selvagem etc.; supra-excitação, supra-hepático, supra-renal, supra-sumo etc.; ultra-oceânico, ultra-humano, ultra-revolucionário, ultra-som etc.;

EXCEÇÃO

A única exceção a esta regra ocorre com a palavra extraordinário, já consagrada pelo uso sem o hífen.

g) nos vocábulos formados pelos prefixos ante-, anti-, arqui- e sobre-, quando seguidos de palavras iniciadas por h, r ou s: ante-histórico, ante-rosto, ante-sola etc.; anti-higiênico, anti-rábico, anti-social etc.; arqui-hiperbólico, arqui-romântico, arqui-seguro etc.; sobre-humano, sobre-ronda, sobre-saia etc.;

h) nos vocábulos formados pelo prefixo super- seguido de palavras iniciadas com h ou r: super-hidratação, super-homem, super-requintado, super-resfriado etc.;

i) nos vocábulos formados pelos prefixos ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, quando seguidos de palavras iniciadas com r: ab-reação, ad-rogar, ob-reptício, sob-roda, sub-regional etc.;

j) nos vocábulos formados pelos prefixos mal- e pan-, quando seguidos de palavras iniciadas com vogal ou h: mal-educado, mal-humorado, pan-americano, pan-helenista etc.;

k) nos vocábulos formados pelo prefixo bem, antes de palavras que têm vida autônoma ou quando a pronúncia o requer: bem-estar, bem-humorado, bem-intencionado, bem-sucedido, bem-vindo etc.;

l) nos vocábulos formados pelos prefixos além-, co-, ex-, grão-, recém-, sem- e vice-: além-mar, além-túmulo; co-autor, co-proprietário; ex-namorado, ex-presidente; grã-fino, grão-lama; recém-casado, recém-nascido; sem-ce-rimônia, sem-vergonha; vice-presidente, vice-reitor etc.;

m) nos vocábulos formados pelos prefixos pós-, pré- e pró- que possuam acento próprio em razão da evidência dos seus significados e da sua pronúncia: pós-moderno, pós-graduação; pré-escola, pré-nupcial; pró-americano, pró-ocialista etc.

TREMA

[Do gr. trema = 'orifício (ponto)'.]

Sinal diacrítico ( ¨ ) que, sobreposto a uma vogal, serve para indicar que ela não forma ditongo com a que lhe está próxima; ápices, diérese.

Na ortografia em vigor, o trema é us. apenas sobre o u, quando este, sendo sonoro, vem depois de g ou q e precede e ou i, como, p. ex., em freqüentar, ungüento, tranqüilo, argüir.

ACENTO DIFERENCIAL

O acento (agudo ou circunflexo) que se usa sobre as vogais a, e e o em alguns vocábulos tônicos para distingui-los de homônimos átonos: pára (verbo), em contraposição a para (preposição); pêlo (substantivo) e pélo (verbo), em contraposição a pelo (combinação de preposição e artigo); pôr (verbo), em contraposição a por (preposição), etc.; o acento (circunflexo) que se usa sobre o o fechado dos vocábulos tônicos, como, p. ex., em pôde (3ª pess. sing. pret. perf. ind. do v. poder), para distingui-lo de pode (3ª pess. sing. pres. ind. desse mesmo verbo), e fôrma (pl. fôrmas), para distingui-lo de forma (pl. formas).

Alfabeto

O alfabeto da língua portuguesa é composto de 23 letras: cinco vogais (a, e, i, o, u) e dezoito consoantes (b, c, d, f, g, h, j, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, z).

A letra H não é propriamente uma consoante, porém um símbolo ortográfico que, por razões históricas, se mantém no princípio de algumas palavras (haver, hélice, hipopótamo) e no início ou final de certas interjeições (ah!, hã, hem?, oh!, puh!).

No interior da palavra, o H é empregado em dois casos:

a) quando faz parte dos dígrafos ch, lh, nh: chaveiro, malha, manhã;

b) com palavras compostas: anti-herói, anti-higiênico, anti-horário, pré-helênico, pré-histórico, pré-humano.

ACENTO CIRCUNFLEXO

O acento circunflexo, empregado para indicar o timbre fechado das vogais tônicas e e o, assim como do a seguido de m e n: três, vêm, pôs, abdômen (q. v.), câmbio, cântico.

3. Tom de voz; inflexão, timbre: "Por volta de onze horas, um acento desconhecido na voz, Teixeira gritou por Inocência." (Orígenes Lessa, Rua do Sol, p. 244.)

4. P. ext. Destaque, realce, relevo: "É uma das características inglesas realizar as maiores modificações na estrutura social ou política do país sem colocar jamais o acento da inovação sobre as suas resoluções." (Lindolfo Collor, Europa 1939, p. 143.)

5. Consonância, harmonia: Embalava o filho com os ternos acentos do seu canto.

6. Fot. Acentuação (3).

7. Sotaque (2): "Era do Porto, do Poorto, como ela dizia, porque nunca perdera o seu acento minhoto" (Eça de Queirós, O Primo Basílio, p. 162).

ACENTO AGUDO

o acento agudo, empregado para assinalar as vogais tônicas a, i e u: página, aí, baú , e as vogais tônicas abertas e e o: pajé, etéreo, ósculo, herói;

GRAFIA

De graf(o)- + -ia1; fr. graphie.

1. Ortografia (3).

2. E. Ling. Sistema de escrita para a representação de uma língua; escrita.

é -grafia

[Do gr. -graphía <>

É a 'ação de escrever'; 'maneira de escrever ou de representar'; 'escrita'; 'descrição, tratado ou estudo'; 'reprodução gráfica', 'registro': caligrafia (< style="">

Fonte: Parte deste Estudo foi extraído do Artigo da Revista Veja de 12 de setembro de 2007: “Riqueza da Língua”, pp. 88-96, conjuntamente com Gramáticas e Dicionários da Língua Portuguesa.



[1] A despeito dos puristas da Língua.

[2] Os prazos de implantação das novas regras estabelecidas em 1990 nunca foram cumpridos, e a ratificação foi adiada sempre; mas, um novo acerto firmado em uma Conferência de Chefes de estado da CPLP em 2004 determinou que bastaria a confirmação de três membros para que o acordo vigorasse, o que aconteceu no fim do ano passado. Infelizmente o problema é que apenas os três paises que confirmaram: Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – deram mostras de querer levar a reforma adiante. Naturalmente, é claro que nenhuma unificação ortográfica merece ser chamada dessa maneira se a “mãe” da língua, Portugal, não a seguir. Autoridades Portuguesas têm falado em esticar os prazos de adaptação às novas regras em até dez anos.

[3] Maneira de ver, sentir, reagir peculiar a cada pessoa. (É uma disposição do temperamento, da sensibilidade que faz com que um indivíduo sinta, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes.)

[4]Vem de Mesóclise que é a colocação de pronomes pessoais átonos, presos por hífens, entre o infinitivo e as desinências, no futuro do presente e no futuro do pretérito: ajoelhar-me-ei, informá-lo-ia, dar-vo-la-íamos, falar-te-á. (Sin.: tmese.)

[5] Vem de ênclise que é o fenômeno fonético que consiste na incorporação de um vocábulo átono ao que o precede, pronunciando-se ambos como se fossem um só. É o que acontece sobretudo com os pronomes pessoais átonos como, p. ex., em fazê-lo, disse-lhe. (Opõe-se à próclise.)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

- COMO TIRAR O MÁXIMO DA SUA LEITURA BÍBLICA -

Por Thomas WatsonAbreviado e modernizado por Matthew Vogan. Tradução Livre para a Língua Portuguesa

01) Remova obstáculos:

a) Remova o amor por cada pecado;
b) Remova as distrações concernentes a este mundo, especialmente a cobiça (Mt. 13:22);
c) Não brinque com e sobre a Escritura.

02) Prepare seu coração (1 Sm. 7:3)

a) Reunindo seus pensamentos;
b) Purificando sentimentos e desejos impuros;
c) Não se achegando a ela apressada ou descuidadamente.

03) Leia-a com reverência, considerando que em cada linha Deus está falando diretamente para você.

04) Leia os livros da Bíblia por ordem.

05) Adquira verdadeiro entendimento da Escritura (SI. 119:73). O melhor meio de conseguir isto é através da comparação de partes relevantes das Escrituras, umas com as outras.

06) Leia-a com seriedade (Dt. 32:47). A vida cristã é para ser levada a sério, visto que isto exige esforço (Lc. 13: 24) e não falhar (Hb. 4:1).

7) Persevere em lembrar o que você leu (Sl. 119: 52). Não permita que seja roubado de você (Mt. 13: 4, 19). Se ela não permanecer na sua memória, é improvável que seja de muito proveito para você.

8) Medite no que você lê (Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei respeito. - (SL 119:15). A palavra hebraica para meditar, significa "ser intenso de mente". Meditação sem leitura é errado e um pulo para o engano; ler sem meditar é infrutífero e sem proveito. Significa avivar os sentimentos, ser aquecido pelo fogo da meditação (Esbraseou-se-me no peito o coração; enquanto eu meditava, ateou-se o fogo; então, disse eu com a própria língua: - (Sl 39: 3).

9) Leia-a com um coração humilde. Reconheça que você é indigno para que Deus revele a Si mesmo a você (Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. - (TG 4:6).

10) Creia que toda ela é a Santa Palavra de Deus (2 Tm. 3:16). Sabemos que nenhum pecador poderia ter escrito, por causa do modo que ela descreve o pecado. Nenhum santo blasfemaria de Deus pretendendo ser sua, a Palavra de Deus. Nenhum anjo poderia a ter escrito pela mesma razão (Hb. 4: 2).

11) Tenha em alta estima a Bíblia (Para mim vale mais a lei que procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata. - (SL 119:72). Ela é sua corda para salvação; você nasceu através dela (Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. - (Tg 1:18) e precisa crescer por ela ( 1 Pd. 2: 22; Jó. 23:12).

12) Ame a Bíblia ardentemente (SI. 119:159).

13) Leia-a com um coração honesto (Lc. 8:15):

a) Desejando conhecer toda e completa vontade de Deus;

b) Lendo com o objetivo de ser mudado e feito melhor, por ela (Jo. 17:17).

14) Aplique a si mesmo tudo o que ler, tomando cada palavra como sendo falada para você. A condenação que ela faz do pecado, como sendo a condenação dos seus pecados; os deveres que ela requer, como sendo o dever que Deus requer de você (2 Rs. 22: 11).

15) Preste cuidadosa atenção aos mandamentos da Palavra, tanto quanto nas promessas. Pense em quanto você precisa de direção, tanto quanto de conforto.

16) Não se deixe levar por detalhes menores, antes se certifique de atentar para as grandes coisas (Os. 8:12).

17) Compare-se com a Palavra. Como você se compara? Seu coração é algo daquilo que é transcrito dele, ou não?

18) Preste especial atenção àquelas passagens que falam para sua individual, particular e presente situação:

a) Aflição (Hb. 12:7, Is. 27:9, Jo, 16:20, 2 Co. 4:17);

b) Senso da presença de Cristo e indignação (Is. 54:8, Is. 57:16, SI. 97:11);

c) Pecado (GI. 5:24; Tg. 1:15, 1 Pd. 2:11, Pv. 7:10 e 22-23, Pv.22:14);

d) Incredulidade (Is. 26:3, 2 Sm. 22: 31, Jo. 3:15, 1 Jo. 5:10, Jo. 3:36).

19) Preste especial atenção para os exemplos e vidas das pessoas na Bíblia, como sermões vivos:

a) Punições (Nabucodonosor, Herodes, Nm. 25: 3-4, 9; 1 Rs. 14: 9-10; At. 5:5,10; 1 Co.10: 11; Jd. 7);

b) Misericórdia e libertação (Daniel, Jeremias, e os três jovens na fornalha ardente)

20) Não pare de ler a Bíblia até que ache seu coração aquecido (SI. 119:93). Deixe que ela não apenas lhe informe, mas também lhe inflame (Jr. 23:29, Lc. 24:32).

21) Ponha em prática o que você lê (SI. 119:66; SI. 119:105, Dt, 17:19).

22) Cristo é para nós Profeta, Sacerdote e Rei. Use Seu ofício de Profeta (Ap. 5:5, Jo. 8:12, SI. 119:102-103). Permita que Cristo não só abra as Escrituras diante de você, mas abra diante de sua mente e entendimento (Lc. 24:45).

23) Certifique-se de colocar-se sob os cuidados de um verdadeiro ministro da Palavra, que exponha a palavra fiel e completamente (Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada. - (PV 8:34); seja zeloso e ávido em atender seu ofício.

24) Ore para que você tire proveito da leitura (Is. 48:17, SI. 119:18; Ne. 9:20).

Você pode ultrapassar obstáculos naturais da leitura mesmo quando:

1) Você não pareça tirar proveito tanto quanto outros. Lembre-se da produção diferente (Mt. 13:8); embora a produção não seja tanto quanto a dos outros, ainda assim é produção verdadeira e vantajosa.

2) Você pode se sentir lento de entendimento (Lc. 9:45, Hb. 5:11);

3) Sua memória é má.

a) Lembre-se que você ainda está apto a ter um coração bom, a despeito disto;

b) Você ainda pode lembrar-se das coisas mais importantes, mesmo que não possa lembrar-se de tudo. Seja encorajado por Jo. 14:26.