VERSÍCULO 11-13 DO CAPÍTULO 4: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.”
O
apóstolo Paulo, que nos capítulos
iniciais comenta a graça divina e no princípio do capítulo 4 relata o meio como
Cristo governa sua Igreja, a união entre judeus e cristãos, parte da unidade
para uma diversidade coordenada, visto que Deus trabalha com homens, então
estabelece ofícios para os homens, mas
não apenas isso, quando Paulo fala de dons do Espírito (mas a cada um foi dada
a graça segunda a medida do dom de Cristo v. 10) ele está se referindo aos ofícios. Pois como
fala Calvino: “Deus não
veste homens com máscara ao designá-los apóstolos ou pastores, e, sim,
os supre com dons”. E diz ainda que devemos a Cristo o fato de termos
ministros do evangelho. Então não devemos conceber que concedeu é equivalente a
designou, logo estes de quem Paulo fala são presentes de Deus para a Igreja.
A Análise destes ofícios deve ser feita
separadamente para uma melhor compreensão:
Apóstolos – No uso estrito do termo, aqueles que
haviam estado com Jesus e testemunhou sua ressurreição (ou recebido uma
revelação especial do Jesus ressurreto) e que haviam sido comissionados por
Jesus para serem fundadores de Igrejas (At 1.21-22; 1Co 15.1-9). A palavra
também foi empregada em um sentido mais amplo, para pessoas enviadas como
representantes de igrejas particulares (2Co 8.23; Fp 2.25), a autoridade dos
apóstolos comissionada por Cristo foi única e conservada hoje no Novo
Testamento, conforme afirma Stott, mas continua ele, é perfeitamente possível
argumentar que há pessoas com ministérios apostólicos de um tipo diferente,
inclusive a jurisdição episcopal, a obra missionária pioneira, a implantação de
igrejas, a liderança itinerante, etc. Creio que Paulo aqui se refere aos
apóstolos tais como ele, onde suas contribuições permanecem até hoje para a
edificação do corpo.
Profetas – Também no sentido mais estrito da
palavra, o profeta era uma pessoa que esteve no conselho do Senhor, que ouvia a
sua palavra e transmitia a mesma com fidelidade, era o porta-voz de Deus, como
meio de revelação direta. E nestes termos não há profetas hoje com inspiração e
autoridade semelhantes ao contidos no cânon. Os profetas contribuíram para a
igreja em uma época que não existia o cânon sagrado, portanto, era um ofício de
vital importância. Como exemplo temos Ágapo (At 11.28), Judas e Silas (At
15.32). A ligação que temos entre apóstolos e profetas, é, que, são associados
por Paulo como fundamento sobre o qual a igreja está alicerçada (Ef 2.20), ora
o fundamento foi lançado e acabado há muitos séculos, e hoje, concordando com
Stott, não podemos mexer com ele.
Costuma-se dizer que nos tempos atuais Deus continua levantando profetas, mas
ressalto que o ministério profético deve ser o de edificação, exortação e
consolação, e nunca encarado como nova revelação.
Evangelistas – Apenas três vezes encontramos esta
palavra no Novo Testamento (At 21.8; 2Tm 4.5; Ef 4.11), sabemos que a
evangelização compete a todos os cristãos, mas é inegável que alguns possuam o
“dom de evangelista”, referindo-se ao dom da pregação evangelística, ou de
trazer o evangelho de forma especialmente clara e relevante para os descrentes,
ou aqueles que se empenham especialmente para esta obra. Vemos Timóteo como
exemplo e a casa de Felipe.
Pastores
e Mestres – Observemos
que aqui, a citação é feita em conjunto, designando o mesmo ministério.
Pastores que cuidam de ovelhas devem alimentá-las e como farão isso sem
ensiná-las? Um pré-requisito é que o bispo (entende-se pastor) seja apto para
ensinar (1Tm 3.2). São pessoas dadas pelo Supremo Pastor para cuidar do seu
rebanho precioso. Note que todos esses dons são ligados ao ensino. Calvino
defende que os deveres de pastores são diferentes do de doutores. A suma é que
não há uma linha divisória nítida entre os dois. Os pastores devem prover o
rebanho de alimento espiritual e protegê-lo dos perigos espirituais, e é
evidente que alguns possuem o dom de ensino e se destacam dentro da Igreja.
No verso 12
fica claro o propósito dos dons, levar os santos a tornarem-se aptos para o
desempenho de suas funções no corpo de Cristo, isto é, em todo o serviço da
igreja. Sendo assim, é para a edificação do corpo de Cristo, a igreja cresce à
medida que seus membros usam de seus dons individuais para o benefício da
comunidade.
No verso 13
fica entendido que, o alvo da Igreja é alcançar a perfeição no sentido da
maturidade na unidade. E o pleno conhecimento é a comunhão com o Filho de Deus.
Assim sendo, a unidade é assegurada, mesmo com toda a diferença entre as
pessoas, pela mesma esperança e Senhor. Não conhecendo a Cristo de forma
superficial e sim de forma profunda, até alcançarmos a maturidade adequada.
Conclusão
As três
primeiras categorias de dons são consideradas como pertencentes à Igreja
universal, enquanto Pastores e Mestres
descreva o ministério local. Tanto os evangelistas como os pastores e mestres
permanecem até hoje, mas a autoridade que os apóstolos e profetas do Novo
Testamento possuíam não mais existe. Todos os dons são dados por Cristo,
segundo o seu governo, de forma a cooperar com a edificação do seu corpo. Ele
quer que o cristão seja preenchido em tudo o que Ele possa comunicar.
Um comentário:
Muito esclarecedor parabéns
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