quinta-feira, 31 de julho de 2008

~ ERROS GROSSEIROS NA LÍNGUA PORTUGUESA[1] ~

Na relação abaixo, a forma correta encontra-se em negrito entre parêntese:

1) Casas germinadas. (Casas geminadas).

De gêmeos só pode sair geminado, geminada, etc.

2) Ser de menor, ser de maior. (Ser maior, ser menor).

A preposição de, aí, é perfeitamente dispensável.

3) Repetir/Passar de ano. (Repetir/Passar o ano).

Repetir ou passar de ano é coisa de italiano.

4) Ficar de recuperação (Ficar para recuperação).

Ninguém fica de recuperação nem de segunda época.

5) Meu aniversário caiu de domingo (Meu aniversário caiu num domingo).

O verbo cair, nesse caso, pede a preposição em.

6) Meu aniversário caiu em dia de domingo (Meu aniversário caiu num domingo).

Na Bahia diz-se muito em dia de domingo, em dia de sábado, etc.

7) O filho saiu ao pai, cuspido e escarrado (O filho saiu ao pai, esculpido e encarnado).

O povo trocou alhos por bugalhos.

8) Saiu elas por elas (Saíram elas por elas).

9) Tive a súbita honra de saudar o presidente (Tive a subida honra de saudar o presidente).

Subida significa elevada, alta.

10) De sábado não trabalho (Aos sábados não trabalho).

Se a ação se repete regularmente, usa-se o plural com a preposição “a”.

11) Faltei pouco para não morrer (Faltou pouco para não morrer).

O sujeito do verbo faltar é pouco, e não eu.

12) Mandato de segurança (Mandado de segurança).

Os magistrados expedem mandados.

13) Estar no aguardo de notícias (Estar aguardando notícias).

Alguém muito distraído inventou a expressão no aguardo.

14) Apêndice estuporado (Apêndice supurado).

Nenhum apêndice no mundo pode estar estuporado.

15) Caderno aspiral (Caderno com espiral).

Em algumas regiões do Brasil só se vê caderno aspiral...

16) Estou quites com o Serviço Militar (Estou quite com o Serviço Militar).

Quite se usa para o singular; quites, para o plural.

17) Se eu ver, se ela ver, se nós vermos, etc. (Se eu vir, se ela vir, se nós virmos, etc.).

O futuro do subjuntivo do verbo “ver” é com “i” e não com “e”.

18) Neusa é média (Neusa é médium).

Médium se usa tanto para o homem quanto para a mulher.

19) A mala está leviana (A mala está leve).

Leviano é imprudente, sem seriedade: pessoa leviana.

20) Fiquei fora de si (Fiquei fora de mim).

Si” é pronome de 3ª pessoa; fiquei é de 1ª; é preciso existir correspondência de pessoas.

21) Não sai por causa que estava chovendo (Não sai porque estava chovendo).

Por causa que é invenção popular.

22) Dessas mulheres, só conheço umas par delas (Dessas mulheres, só conheço algumas delas).

Umas par delas é brincadeira de mau-gosto.

23) Vou trocar-me em dois minutos (Vou vestir-me ou trocar de roupa em dois minutos).

Não se deve usar trocar-se por vestir-se ou trocar de roupa.

24) O paciente sofreu melhoras (O paciente sentiu melhoras).

Sofrer melhoras é contra-senso.

25) Ele já se acordou (Ele já acordou).

É impossível que alguém se acorde.

26) O motorista perdeu a direção do veículo (O motorista perdeu o controle do veículo).

Perder a direção é perder o rumo, não saber ao certo onde se encontra.

27) Se ele não pôde comprar isto, que dirá eu! (Se ele não pôde comprar isto, que dirá de mim!)

Pode-se usar ainda muito menos eu! Ou quanto mais eu!

28) Estou com pigarra. (Estou com pigarro).

Pigarra quem tem é galinha.

29) Tenho menas sorte que você (Tenho menos sorte que você).

Só diz menas quem tem menos...

30) Inimigo fidagal. (Inimigo figadal).

O fígado era, segundo os antigos, a sede da ira, do ódio.

31) O rapaz puxava uma perna (O rapaz puxava de uma perna).

Todos os que coxeiam, puxam de uma perna.

32) Luiz é muito xereto (Luiz é muito xereta).

O que se vê muito por aí são homens xeretas. E mulheres, nem se fale....

33) O pessoal não gostaram do filme (O pessoal não gostou do filme).

Pessoal, assim como turma, exige o verbo no singular.

34) Prova dos nove (Prova dos noves).

Todos dizem noves fora, mas incompreensivelmente prova dos nove. Os nomes de algarismos variam normalmente quando substantivados.

35) O ministro tinha trago a solução para a crise (O ministro tinha trazido a solução para a crise).

O verbo trazer não é abundante.

36) Eu tinha falo a verdade (Eu tinha falado a verdade).

O verbo falar também não é abundante.

37) Horas extra (Horas extras).

Nesse caso extra é um adjetivo (equivale a extraordinário), e não um prefixo.

38) Eu procurava um emprego que condizesse com meu nível cultural (Eu procurava um emprego que condissesse com meu nível cultural).

Muito bom, ótimo o nível cultural de quem diz condizesse...

39) Não poderíamos dizer isso perante a ela (Não poderíamos dizer isso perante ela).

Perante já é preposição; não há necessidade de se usar duas preposições.

40) Não vou lá de hipótese nenhuma (Não vou lá em hipótese nenhuma).

Convém não dizer nem escrever isso em hipótese nenhuma.



[1] SACCONI, Luiz Antonio. Não Erre Mais: Mais de 5.000 casos, corrigidos, comentados e explicados. São Paulo: Ática, 8ª ed. 296 p.

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