quinta-feira, 31 de julho de 2008

CANTO DE LOUVOR A UMA MULHER VIRTUOSA - Provérbios 31.10-20 (Ler Pv 31.10-30)[1]


§ 1 É surpreendente! A única profissão pela qual a Bíblia faz cantando um hino de louvor é para uma dona de casa! Existem mais de mil páginas cheias do que os profetas, sacerdotes e reis escreveram, mas só uma termina com um hino de louvor para o que a mulher faz diariamente. O SENHOR Deus considerou muito necessário, e não menos considerando o valor das Sagradas Escrituras, que nelas se lhes falasse – e ainda nos mínimos detalhes – sobre o que uma mulher israelita, temente a Deus, tinha que fazer a cada dia.

§ 2 Com isso fica claro que a Bíblia não é simplesmente um livro religioso no que são tratadas apenas de coisas religiosas, como o de se perdoar pecados, se orar e cantar cânticos espirituais. As Sagradas Escrituras exaltam essa mulher, não porque desde as primeiras horas da manhã até quase a chegada da noite ela esteja ocupada religiosamente como uma “monja”, mas porque ela termina o seu trabalho doméstico com ação, e, além disso, procura ganhar alguma coisa com isso. E o que é mais honroso em tudo isso? É que, pelo fato de ser uma mulher crente, fazia isso por anos e anos, então as Escrituras Sagradas a qualificam aqui de: “mulher que teme ao Senhor Deus”!

§ 3 O que é que faz e o que deixa de fazer tal mulher? Isto pode ser visto pela imagem de que um sábio desconhecido tenha pintado sobre ela. São, em 22 versículos, que estão as características mais bonitas e a mais completa de uma boa e crente mulher que, pela sua sabedoria e valentia, é uma benção para o seu lar, uma jóia para a Igreja e um apoio para a sociedade.

§ 4 O poeta traça a imagem de uma sábia mulher israelita, como a que vivia a quase 3000 anos. Por isso, o seu retrato é mostrado como “tendo sido pintado em um antigo colorido oriental”. Desde este tempo, tem existido mudanças sociais irreversíveis, no entanto, considerando-se isto, esta poesia, apesar das diferenças de tempo e cultura em que estamos, continua sendo um poema didático e atual.

§ 5 Ó quem dera que os nossos jovens considerassem atentamente este retrato de Provérbios 31, que pode nos ensinar a que tipo de jovens eles deveriam olhar para poderem encontrar uma mulher piedosa e inteligente! Mas, quão cegos estão alguns deles! Que deixam passar diante de si as moças tementes a Deus, com as quais poderiam ser felizes na alegria ou na dor, mas só colocam os seus olhos na “beleza e no encanto”. Mas, que pena quando mais tarde abrem os olhos! E, quem dera se os nossos jovens não tomassem como exemplo as moças que têm como modelo as “estrelas” do cinema ou da música pop, mas a esta sábia mulher de Pv 31!

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§ 6 VERSÍCULO 10 - Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias”: Não é que apenas existam raramente tais mulheres, pois existem muitas delas que se comportam bem, (veja-se verso 29). No entanto, há como encontrá-las, no entanto não podem ser encontradas doze delas em uma dúzia. Elas podem ser encontradas apenas entre aquelas que temem ao SENHOR, (veja-se verso 30). Esta mesma mulher é tão preciosa como a mesma sabedoria, a qual também é mais valiosa do que as perolas (veja-se Pv 3.15 e 8.11). Quem encontrou uma delas, “acha o bem e alcançou a benevolência do SENHOR” (veja-se Pv 18.22). É um presente de Deus e “a coroa do seu marido” (Pv 12.4), pelo que este homem deve agradecer freqüentemente, e os jovens que quiserem uma destas, devem pedi-la seriamente, como sabiamente fazem os pais piedosos pedindo a tempo ao SENHOR uma mulher assim para os seus filhos.

§ 7 VERSÍCULO 11 - “O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho”: Literalmente esse verso quer dizer: “o coração de seu senhor, possuidor confia nela....”. Isso não quer dizer que ela seja a sua escrava sem vontade, dominada por ele, pois não existe nada que possa ser dito sobre ela que a respeito de que seu marido, venha chegar a desprezá-la e/ou que também venha desfazer-se de sua autoridade. Sobre inibições e frustrações por causa de determinações proibitivas também não encontramos nada. Antes pelo contrário, o fato de se ser mulher é para ela uma alegria.

§ 8 Certamente, na palavra que é traduzida de “senhor ou possuidor” ressoa a ordem de Deus que diz que o homem é ordenado para ser o cabeça da mulher. Sobre tudo, não se deve desvalorizar a grande responsabilidade que Deus colocou sobre ele! Como cabeça, foi chamado para cuidar dela e protegê-la “como se fosse o seu próprio corpo” (Ef 5.28). Também como cabeça da família tem a responsabilidade principal diante de Deus; e ela, por sua vez, possui a autoridade sobre os seus filhos e as pessoas que trabalham para a família.

§ 9 Isto não é “particularmente coisa do Velho Testamento” ou algo oriental, pois o Novo Testamento ensina a mesma ordem divina: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1Co 11.3; veja-se Ef 5.22-24). Os homens devem amar as suas mulheres assim “como também Cristo amou a igreja” (Ef 5.25 e Cl 3.19). Se eles fizerem isto, é impossível que fiquem autoritários e duros, como muito menos o é o marido desta mulher virtuosa.

§ 10 Antes pelo contrário, ela ganha o seu coração e é a sua amiga, a sua confidente em quem ele pode se realizar e com quem ele pode falar tudo, (veja-se verso 26). Quando ele sai para trabalhar, pode tranquilamente deixar que ela resolve os assuntos, sem medo de que ela venha cometer algum falta. Ele a deixa totalmente livre e lhe entrega toda a sua confiança; e isto de maneira alguma a deixa envergonhada. A continuação desta poesia nos deixa ver quantas vantagens de todo tipo ela procura para a sua maneira de viver, e quanto o seu marido gosta por causa disso.

§ 11 VERSÍCULO 12 - “Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida”: Criada por Deus e como ajudadora adequada do homem (Gn 2.18), ela procura felicidade e não desgraça. Assim começou o matrimônio desta jovem mulher, e assim continuou como mãe de seus filhos (Pv 31.28). E se ela o apóia, faz isso muito bem cuidando dos seus filhos, de suas posses e de seu bom nome. Em seu matrimônio não é egoísta para si mesma, mas, primeiramente está disposta a dar e não a receber. Nos versículos seguintes lemos como ela coloca a disposição de todos os seus dons e interesses.

§ 12 Sem dúvida nenhuma, além de tudo ela é estimulada pela confiança e pela consideração (verso 29) que ele lhe mostra. A palavra amor não é dita nesta poesia, mas em cada linha podem-se ouvir os frutos do amor pelo qual o marido e a mulher se inspiram mutuamente em surpreendente harmonia.

§ 13 VERSÍCULO 13 - “Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos”: A mulher israelita não podia comprar vestidos de confecção; ela mesma tinha de confeccionar, com a lã e o linho, toda a roupa com as suas próprias mãos, e sem máquina de costurar. Antes de começar a fiar tinha que trabalhar bastante antecipadamente. Exatamente, a roupa de linho externa e a roupa interna era feita como algo de alta qualidade. Também eram feitos com o linho fortes cordões e pavios de lamparinas. Tudo isto esta mulher fazia com boa vontade; literalmente este verso diz: “com a satisfação de suas mãos” (veja-se também Cl 3.23).

§ 14 VERSÍCULO 14 - “É como o navio mercante: de longe traz o seu pão”: Junto de suas qualidades domésticas existia algo de um espírito ativo de um comerciante, que leva a terminar longas viagens com os seus barcos, para poderem voltar com as suas mercadorias valiosas. Assim, muito menos representa para ela grande trabalho quando se trata do assunto de sua família. Quando é necessário ela faz chegar de longe se o daí for melhor do que aquilo que está perto. Certos jovens e homens adultos algumas vezes pensam desprezivelmente: “limpar a casa? Cozinhar? Lavar a roupa? Isso não exige ciência alguma!” Mas na verdade essa tarefa exige muito mais talento, organização, visão econômica, autodisciplina, zelo, habilidade, força corporal, desejo e criatividade do que em algumas profissões!

§ 15 Versículo 15 - “É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas”: Não é preguiçosa de maneira nenhuma, pois ainda à noite não tendo passado, já está de pé para poder procurar o pão para a sua família e para as empregadas de sua casa, porque, em uma economia israelita, o pão deveria ser preparado diariamente. Era um trabalho cansativo, porque se devia transformar a farinha ou o grão de trigo ou cevada, por meio de um pesado moinho manual.

§ 16 Essa ordem e regularidade em que descansa toda a vida familiar dão prova de sua alta preocupação. Dessa maneira ela também aos seus filhos, desde pequenos, a se acostumarem a isso, e também nisto parece que a faz temer ao SENHOR, porque Ele claramente também tem tempos fixos para qualquer coisa. Não existe mais necessidade de se simplesmente vermos em sua criação na natureza e na regularidade nas estações anuais como Ele claramente a ordenou (veja-se Dt 23.13).

§ 17 VERSÍCULO 16 - “Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho”: Toma o seu trabalho com toda vontade que tem e “arregaça as mangas” decididamente (veja-se verso 25). Ela não tem medo do trabalho duro.

§ 18 VERSÍCULO 18 - “Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite”: Sob a sua hábil direção, tudo na sua casa caminha maravilhosamente bem. Um sinal convincente de ordem e bem estar é a pequena lâmpada de azeite. Esta normalmente era um pequeno prato na qual a pequena peça era segurada pelos dedos polegar e indicador. Esta peça de onde a chama saia, comumente, ardia com azeite de oliva. Ela devia arder dia e noite pelo azeite, com o propósito do mesmo poder servir como o seu próprio acendedor, pois os fósforos ainda não tinham sido inventados. Quando o azeite, por algum descuido, não era recolocado novamente a tempo na lâmpada e ela s apagava, tinha-se que acender o fogo novamente de uma maneira muito trabalhosa. No entanto, sob a direção desta mulher, a lâmpada também ficava em ordem.

§ 19 VERSÍCULO 19 - “Estende as mãos ao fuso[2], mãos que pegam na roca[3]: Os tecidos de lã eram os principalmente feitos. Para tecidos mais “pesados” eram utilizados pelos de cabras e camelos. Destes eram feitas tendas, sacos, roupas de luto e grosas mantas para os pastores, (veja-se Mt 3.4). Assim, aquela virtuosa israelita nunca misturaria lã com linho (fibra e tecido), porque o SENHOR tinha proibido, como uma lembrança simbólica da separação de Israel dos pagãos, e um estímulo a os manterem distantes de seu horrível estilo de vida (veja-se Dt 22.11; confira-se Lv 19.19).

§ 20 VERSÍCULO 20 - “Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado”: Ela não apenas é zelosa, mas é também misericordiosa e amorosa, pois age segundo o mandamento com respeito aos pobres: “Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes. (...) livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra” (Lv 15. 10 e 11).

§ 21 Apesar de que é uma exata dona de casa, o seu interesse chega mais longe do que o pequeno mundo em que a sua família se limita. A pobreza e a miséria fora de sua casa não escapam de seu olhar atento.



[1] DEURSEN, Frans Van. Provérbios. Apartado 1053, Rijswijk, Países Baixos (Z.H.). 426 pág. – 2003, FeLiRe FUNDAÇÃO EDITORIAL DE LITERATURA REFORMADA (STICHTING UITGAVE REFORMATORISCHE BOEKEN). - Tradutor ao espanhol: Juan T. Sanz. - Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

[2] Instrumento de fiar em que se enrola o fio torcido a mão.

[3] Haste de madeira onde se enrola o fio (de linho, algodão, lã etc.) que se quer fiar.

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