Cremos
e confessamos que, segundo o ensino das Sagradas Escrituras, nossa
regra absoluta de fé e de prática, os argumentos doutrinários para o batismo de
crianças baseiam-se na fundamentada ligação entre a antiga e a nova Aliança e
que Deus nos trouxe para este Pacto de Graça e, mesmo que nem todos os membros
deste pacto irão perseverar (os que não foram escolhidos), eles gozam de
privilégios especiais de pertencerem ao povo do pacto de Deus. Esse era o
verdadeiro Israel (a igreja do Antigo Testamento), e o Novo Testamento
simplesmente aplica essa idéia a Igreja do Novo Testamento (Hebreus 4.1-11 e
6.4-12; Deuteronômio 4.20 e 28.9 com 1 Pedro 2.9,10; Gálatas 6.16; Isaías 10.22
com Romanos 9.24-28).
Cremos
e confessamos que, em virtude disto, as crianças são batizadas pela
conexão com a circuncisão do Antigo Testamento, tendo sido incluídas no Pacto
da Graça, que no Novo Testamento (chamado de “pacto melhor”), Deus não alterou as
suas boas intenções para com as crianças (Atos 2. 35,38). Que a circuncisão foi
substituída pelo Batismo (Colossenses 2.11). Por isto, nossas crianças são
parte do pacto da graça, filhas da promessa, e unidas a Cristo através deste
pacto simbolizado e selado no batismo, assim como o povo de Deus em outros
tempos foi trazido para o pacto através da circuncisão.
Cremos
e confessamos que, a participação que as crianças tiveram na Páscoa do
Antigo Testamento é da mesma ordem de sua participação na Santa Ceia, a saber,
sendo circuncidadas ao oitavo dia, eram crianças de peito, não podiam,
portanto, comer do Cordeiro Pascal e das ervas amargas e dos pães asmos (Êxodo
12, texto que institui a Páscoa, no qual se descreve o que o haveria de ser
comido como também a maneira de se fazer isso – “(...) Desta maneira o
comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à
pressa; é a Páscoa do Senhor” (ver também Deuteronômio 16). Assim, por certo,
havia um tempo entre a circuncisão de uma criança, que se dava ao oitavo dia de
nascida, até a idade que podiam perguntar, (Êxodo 12.26 – “Quando os vossos
filhos vos perguntarem: Que rito é este?”) para que conseguissem respostas do
que significava aquela cerimônia. Nas celebrações da Páscoa entre os judeus,
nos dias de hoje, a criança mais jovem faz a pergunta ritual, e o pai da
família recita a história do êxodo – Êxodo 13.8. Destas cerimônias as crianças
de peito participavam, indiretamente, no colo de suas mães, bem provavelmente
recebendo instruções de seus pais desde a menor infância conforme mostra
Deuteronômio 6. Chegado o momento próprio (Deuteronômio 6.20), pela idade e
discernimento, seus pais lhes respondiam o significado e, só então, comiam dos
elementos da Páscoa. Antes disso, elas não compreendiam, mesmo que fossem
abençoadas na fé de seus pais e do povo de Deus; a Igreja estava “sob tutela”
(conforme descrita a Igreja do Antigo Testamento por nossa Confissão de Fé); e
por razões óbvias não podiam comer dos elementos (cordeiro assado, ervas
amargas, pães asmos e, além disso, às pressas, engolindo rápido), a não ser que
houvesse uma demonstração de doidice, o que efetivamente nunca aconteceu, neste
caso específico, no meio do povo de Deus do Antigo Testamento.
Cremos
e confessamos, também, que não existe nenhum tipo de “poder mágico” nos
elementos da Santa Ceia do Senhor e que molhar os lábios das crianças com o
“vinho eucarístico” não foi prática aprovada pela Igreja, razão pela qual não
durou por muito tempo, ainda que esta loucura esteve presente em alguns
momentos da vida da Igreja durante a sua história. Argumentando pelo absurdo,
seria imaginar o ridículo de um pai no Antigo Testamento passar um pedaço de
carne de cordeiro, ou suco de ervas amargas, na boca de seu filhinho de colo,
imaginando que algum efeito poderia ser trazido pelo “cordeiro eucarístico”. As
Escrituras jamais citam tal impossibilidade.
Cremos
e confessamos que, em relação à participação nos elementos da Santa
Ceia do Senhor, os membros da Igreja se dividem em dois grupos, ou seja: os que
participam da “comunhão”, ou da Santa Ceia do Senhor, (neste sentido
“comungantes”) e os que não participam da “comunhão” (da Santa Ceia do Senhor),
por causa de sua pouquíssima idade, ou pela impossibilidade de descobrirem o
que acontece naquele momento com a união da recomendação paulina de que
“discirnam o corpo e o sangue de Cristo” (1Coríntios 11.29), neste sentido
sendo “não comungantes”. Ainda assim, no outro sentido da palavra “comunhão”,
elas tem comunhão com a própria família e a “família de famílias”, que é a
Igreja, o povo de Deus, participando dela pela fé representativa de seus pais,
pois a benção, neste sentido geral é para os pais e para os filhos (Atos 3),
sendo levadas ao templo, estando presentes ao momento da ministração da Santa
Ceia do Senhor, firmando-se pouco a pouco neste mesmo entendimento as
cerimônias da aliança da graça saídas das cerimônias da aliança da Lei do
Antigo Testamento.
Cremos
e confessamos que, ainda que exista uma ligação entre a circuncisão e o
batismo e a páscoa e a santa ceia, apontando os mesmos uma única e igual
realidade espiritual, o batismo, que é o sacramento da iniciação, aplicado aos
pais e filhos sob a guarda deles e aos prosélitos ou aderentes sendo a santa
ceia, que é o sacramento da sustentação, ministrada aos que tem condições de
discernir, que estes não sejam por causa disso compreendidos como sendo
semelhantes em todos e em quaisquer dos seus pontos. Além do que, se poderia
ser citado que os sacramentos do Antigo Testamento foram sanguinolentos (os
atos de se matarem cordeiros e as cirurgias da retirada dos prepúcios nos
meninos) e o do Novo Testamento não. Os do Antigo Testamento apontavam para o
que seria perfeito; estes declaravam um Testamento, um Pacto, que se
completaria em Cristo, no tempo do Novo Testamento.
Cremos
e confessamos, fundamentados em registros sem interrupções na História
da Igreja, sobre a prática de batismos infantis e que o mesmo fora praticado no
período imediato depois da morte dos apóstolos debaixo do comando daqueles que
foram ensinados pelos próprios apóstolos. No entanto, nenhum documento, tanto
do período apostólico, quanto dos tempos dos conhecidos como os “Pais da
Igreja”, relatam qualquer participação de crianças na ministração da Santa Ceia
do Senhor.
Cremos
e confessamos que os que ingressam na Igreja visível do Senhor Jesus
Cristo podem ser reconhecidos dentro de dois grupos, tal como o foram na igreja
do Antigo Testamento, a saber: os pais crentes e seus filhos, estes chamados de
“filhos do pacto” e os prosélitos ou aderentes, convertidos na idade jovem ou
adulta. Estes “filhos do pacto”, hoje, devem receber uma educação cristã e
espiritual formal, tendo em vista o que ensina Deuteronômio 6, devendo ser
ministrada pelos pais, com a ajuda e a orientação da Igreja antes da
participação deles na Santa Ceia do Senhor.
Cremos
e confessamos que o que seja necessário para que alguém seja recebido
na comunhão da Igreja através da sua Pública Profissão ou Confissão de Fé, não
pode ultrapassar as exigências de Cristo, colocadas por Paulo ao carcereiro de
Filipos: “Crê no Senhor Jesus” (Atos 16.30-34), e por Filipe diante do oficial
da rainha de Candace: “Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem
da Escritura, anunciou-lhe a Jesus. Seguindo eles caminho fora, chegando a
certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja
eu batizado?” (Atos 8.35-36).
Cremos
e confessamos que uma criança, filha de pais crentes (ou seja, “filha
do pacto”) pode, e deve, manifestar esta fé salvadora, e assim que nela, pela
graça, se manifesta esta fé, ela pode ser recebida por sua Profissão ou
Confissão de Fé Pública diante da igreja no Senhor e Salvador Jesus Cristo, e
participar assim, legitimamente, da Santa Ceia do Senhor. Não existe nas
Escrituras qualquer idade limite para que isto aconteça, nem mesmo a nossa
Confissão de Fé ou Catecismos impõem limites de idade, e nenhuma decisão da
Igreja determinou uma determinada “idade mínima”, dependendo isso, portanto, da
criança e do testemunho dos seus pais crentes e do juízo do conselho de cada
igreja local.
PERGUNTAS E
RESPOSTAS PARA UMA MELHOR COMPREENSÃO DO ASSUNTO
1ª - O que são sacramentos?
R. São visíveis e santos
sinais e selos. Deus os instituiu para nos fazer compreender melhor e para
garantir a promessa do Evangelho, pelo uso deles. Essa promessa é que Deus nos
dá, de graça, o perdão dos pecados e a vida eterna, por causa do único
sacrifício de Cristo na cruz (1).
(1) Gn 17:11; Lv 6:25; Dt 30:6; Is 6:6,7; Is 54:9; Ez 20:12; Rm 4:11; Hb
9:7,9; Hb 9:24.
2ª - Quantos sacramentos Cristo
instituiu na nova aliança?
R. Dois: o santo batismo e a
santa ceia.
3ª - Então, a própria água do
batismo é a purificação dos pecados?
R. Não (1), pois somente o
sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todos os pecados
(2).
(1) Mt 3:11; Ef 5:26; 1Pe 3:21. (2) 1Co 6:11; 1Jo 1:7.
4ª - Por que, então, o Espírito
Santo chama o batismo "lavagem da regeneração" e "purificação
dos pecados"?
R. É por motivo muito sério
que Deus fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos pecados são tirados pelo
sangue e Espírito de Cristo assim como a sujeira do corpo é tirada por água
(1). E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por este divino sinal e garantia que
somos lavados espiritualmente dos nossos pecados tão realmente como nosso corpo
fica limpo com água (2).
(1) 1Co 6:11; Ap 1:5; Ap 7:14. (2) Mt 16:16; Gl 3:27.
5ª - As crianças pequenas devem ser
batizadas?
R. Devem, sim, porque tanto
as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja (1).
Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação
do pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2). Por isso, as crianças, pelo
batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas
dos filhos dos incrédulos (3). Na época do Antigo Testamento se fazia isto pela
circuncisão (4). No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da
circuncisão (5).
(1) Gn 17:7. (2) Sl 22:10; Is 44:1-3; Mt 19:14; At 2:39. (3) At
10:47. (4) Gn 17:14. (5) Cl 2:11,12.
6ª - Como a santa ceia ensina e
garante que você tem parte no único sacrifício de Cristo na cruz e em todos os
seus benefícios?
R. Da seguinte maneira:
Cristo me mandou, assim como a todos os fiéis, comer do pão partido e beber do
cálice, em sua memória. E Ele acrescentou esta promessa: Primeiro, que, por
mim, seu corpo foi sacrificado na cruz e que, por mim, seu sangue foi
derramado, tão certo como vejo com meus olhos que o pão do Senhor é partido
para mim e o cálice me é dado. Segundo, que Ele mesmo alimenta e sacia minha
alma para a vida eterna com seu corpo crucificado e seu sangue derramado, tão
certo como recebo da mão do ministro e tomo com minha boca o pão e o cálice do
Senhor. Eles são sinais seguros do corpo e do sangue de Cristo (1).
(1) Mt 26:26-28; Mc 14:22-24; Lc 22:19,20; 1Co 10:16,17; 1Co 11:23-25.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Fontes: Extração parcial (com adaptação) do Artigo: “Resoluções do
SC-IPB sobre batismo de crianças e Santa Ceia”, desenvolvido pelo Rev. Ludgero
Bonilha de Morais, do Jornal “Brasil Presbiteriano”; Junho de 2004; O Catecismo
de Heidelberg (1563) - por Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano - Biblioteca
Reformada (http://www.arpav.com.br) e Decentemente y com Orden (1Co 14.40)
(FELiRe); 3ª ed. 70 pp., 2001.
Personalização e
Adaptações: Marcos Ramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário