Versículo 12: “O diácono
seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa.”
EM PRIMEIRO LUGAR: Neste versículo, Paulo volta a se
ocupar dos diáconos (masculinos); pois as condições que agora cita, não
correspondem as mulheres (diaconisas).
EM SEGUNDO LUGAR: Os
diáconos (masculinos), de igual maneira com os presbíteros (anciãos), não devem
ser polígamos; e muito menos devem ter uma amiguinha, além da sua mulher, e
igualmente devem governar de boas maneiras os seus filhos e a sua casa.
Versículo 13: “Pois os que desempenharem bem o diaconato
alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo
Jesus.”
EM PRIMEIRO LUGAR: E, se cumprem tão bem o seu
diaconato – o qual se refere tanto aos diáconos masculinos quanto aos femininos
–, se procuram um bom lugar diante da igreja, desta forma, sobem na
consideração e chegam a crescer para poderem falar a respeito de tudo o que diz
respeito a fé em Cristo.
EM SEGUNDO LUGAR: Isto
é uma verdade para ficar fixada: os ministros que não atuam como se deve, e os
que não são fiéis no exercício do seu ofício, não crescem em consideração
diante da igreja, mas não apenas isso; também tem cada vez menos direito para
falar. Quando um ministro que não é fiel, e em situações concretas faz alguma
sugestão ou admoesta alguem, em seguida se comenta: “Fala muito bem. Não vez
como presume? Que primeiro se enchergue!”
A
infidelidade no serviço dos que ostentam ofícios, resulta numa montagem crítica
da igreja e uma perda de confiança nos membros da mesma. O diálogo desaparece;
não existe mais franqueza recíproca entre os membros e muito menos com o
ministro, pois a sua infidelidade e frouxidão também frustram a ele mesmo
fazendo-o perceber que está desencaixado, e quanto mais durar essa situação,
tanto mais difícil será para que ele saia dela, e isso o atrasará cada vez
mais, ele chegará a perder a sua confiança e ele será um prejuízo diante da
Igreja.
Versículo 14: “Escrevo-te estas coisas, esperando ir
ver-te em breve;” Versículo 15: “para
que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que
é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.”
EM PRIMEIRO LUGAR: Ate
agora, Paulo escreveu sobre a maneira de como se deve ser fomentado o
desenvolvimento e o aperfeiçoamento do amor como Igreja. Tudo isso foi exposto
de maneira muito detalhada, mesmo que ele estivesse esperando chegar em Éfeso,
muito antes do que ele mesmo em princípio suspeitasse: no entanto, nunca se
sabia o que poderia acontecer. Algo interviu e por esta razão, os seus planos
foram retardados ou até mesmo ser tornaram inviáveis. Por esta razão foi que
não se atreveu a expor – ele disse – e que estas coisas ficariam fora do papel.
Disse mais: que se chegasse a se atrasar, Timóteo saberia como proceder por
meio desta carta, como se deveria se conduzir na casa do SENHOR Deus, e como as
coisas mesmas deveriam ser desenvolvidas.
EM SEGUNDO LUGAR: Quem
nos tempos de Paulo, ouvia falar na Ásia menor sobre a casa de Deus, a primeira coisa que pensava era em um templo: um
edifício com formosas colunas e suntuosos pedestais para as esculturas dos
deuses. Na Ásia menor existiam inumeráveis templos, e o mais famoso de todos se
encontrava em Éfeso, na cidade aonde Timóteo mesmo trabalhava. O templo de
Artemisia (Diana, como foi chamada em At 19). Este templo era considerado por
muitos como a primeira das sete maravilhas do mundo, e contava com 127 colunas
de 19 metros de altura. A famosa imagem da deusa que, segundo se dizia, tinha
descido do céu, reluzia colocada em cima de um pedestal de mármore.
Quando
Paulo usou a expressão casa de Deus,
imediatamente ele deixou claro que não se tratava de um edifício de mármore e
pedra, mas de pessoas: a Igreja do Deus vivente (cf. 1Co 3.10 e ss.; 1Pe
2.4-5). Este Deus não vive [1] em templos feitos por mãos humanas (At 17.24).
No entanto, Paulo conserva a terminologia da edificação de um templo, quando
segue tipificando a igreja como pedestal e baluarte da verdade.
EM TERCEIRO LUGAR: Em
nossa linguagem, depois aplicamos a expressão casa de Deus ao edifício material da Igreja. Em certas igrejas se
lê: “Respeite a casa de Deus!”. Segundo muitos, não se pode falar alto na
igreja, inclusive e nem ainda quando não se está celebrando culto. E mais
ainda, só se falta anda nas pontas dos pés ali. Uma igreja suscita em muitos um
certo temor que os leva a pensar o seguinte: “Este edifício é a casa do SENHOR
Deus; aqui você pode se aproximar mais dEle, do que em qualquer outra parte”.
Isto
é um pensamento que introduz o pensamento da doutrina católica romana, segunda
a qual, Cristo se acha corporalmente presente na igreja em forma de uma hostia
guardada no que é chamado de “sacrário”: mas é um pensamento que, de nenhuma
maneira é apoiado pelo Novo Testamento. Deus não vive em templos ou igrejas[2]
feitos por mãos de homens. Os cristãos do período do Novo Testamento não
puderam cometer semelhante erro, pois não sabia o que era uma igreja como
edifício material. Celebravam suas reuniões em uma salinha de um ou outro
filósofo (At 19.9), ou juntos em uma casa (At 12.12), e ninguem podia acreditar
que, em sua própria casa alguém pudesse andar nas pontas dos pés ou que falasse
bem baixinho, por causa que o SENHOR Deus vivia ali. Não falavam disso, pois
eles sabiam, que Deus não vive em um edifício, mas que a Igreja (= congregação
ou comunidade) de Cristo, é a casa de Deus mesmo. Deus vive na Igreja: em uma
congregação, em uma comunidade, em uma reunião de pessoas.
Além
disso, isto é muito mais radical do que se Ele vivesse em um edifício; pois
nesse caso, o respeito e o decoro não seria algo que só seria pedido durante um
par de horas por semana, quando nos encontrásssemos no edifício da igreja, mas
algo que deveríamos extender em toda a nossa vida, e que houvesse de governar
toda a nossa vida. Se nós mesmos somos templos do SENHOR Deus, não podemos nos
permitir passar um momento que seja sem sermos respeitosos e decorosos, e
jamais poderíamos deixar de continuar sendo de maneira suficiente santos em
apenas alguns metros quadrados de terreno, mas que antes pelo contrário, que
agora nós mesmos devemos ser santos, dia a dia.
Por
outro lado, a palavra casa, não
apenas significa o lugar aonde se vive ou se vivencia, mas é também a vida, a
família, o governo da casa; e mesmo assim isso significa que essa realidade
pode se encaixar aqui. Como um pai de família vive no centro de uma casa, assim
o SENHOR Deus vive no meio da sua família e do governo da sua casa: isto
implica comunhão, contato e proximidade. O SENHOR Deus está tão próximo que,
por ser dito de alguma maneira, que podemos estar sentados com Ele na mesma
habitação, inclusive na mesma mesa, e podemos falar com Ele.
Tudo
isto está contido no fato de que a Igreja (= Congregação) é a casa do SENHOR
Deus mesmo: mas também é coluna e
baluarte da verdade – disse Paulo.
Coluna e baluarte: eis aqui duas
palavras que podem trazer o pensamento errado de que a verdade descansa sobre a
Igreja, e que sem esta a verdade não permaneceria de pé, pois uma casa sem
fundamento, é afundada na areia (Mt 7.26-27); e uma ponte com cujos pilares são
derrubados, caem.
A palavra que Paulo usa aqui, muito menos devemos traduzí-la por pilar, mas por coluna. Este é o significado corrente e normal, pois ninguém pode dizer com propriedade que um templo descansa sobre colunas: em resumo, pelo menos pode ser dito que a construção do descansa sobre as colunas, mas não o templo mesmo, pois as colunas mesmas pertencem ao templo: são a sua parte dele.
Mas,
existe mais. A tradução corrente destas palavras diz: a verdade descansa sobre
ou na igreja, como um templo sobre alguns pilares. No entanto, desta forma podemos dizer que
Paulo está dizendo algo impossível. Vejamos isso. Paulo usa para a Igreja tanto
a imagem de um templo como a de um pilar. Se nós introduzimos esse significado
dado pelo mesmo Paulo na explicação ou tradução temos então: a verdade descansa
sobre a Igreja assim como a Igreja descansa sobre a Igreja, o qual isso precisa
totalmente de sentido.
Por tanto, Paulo muito menos quer de maneira alguma
expressar o pensamento de que a Igreja tem uma função de direcionamento no que
se refere a verdade; e nem quer dizer que a verdade poderia ser derrubada se a
Igreja fosse derrubada. Isto parece ser deduzível da palavra baluarte, ou fundamento como outros traduzem. Esta palavra não é a normal para
poder indicar fundamento, mas é a que Paulo usa em Ef 2.20, quando diz que a
Igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas; e também em
1Co 3.10, ainda que aqui usa uma palavra muito diferente, cuja melhor tradução
seria: repisamento, base, ou plataforma sobre a que se coloca a imagem de um deus, de maneira
que este seja visível a todos, e isso traga melhores resultados.
Pois uma base não tanto tem uma função basamental tanto
quanto uma missão de publicidade. Sem base, a imagem de um deus é o que é e em
nada muda: mas sobre uma base, ela fica mais destacada.
Algo parecido acontece com as colunas de um templo. São,
segundo pode ser dito de alguma maneira, o cartão de visita da divindade que
ali se venera; determinam o aspecto do templo e com ele a imagem da divindade.
Quanto mais bonitas, atrativas e grandes eram as colunas de um templo, tanto
mais descia a imaginação das pessoas sobre a divindade ali venerada.
Isto é agora a Igreja – diz Paulo: um cartão de visita em
cima de uma plataforma da verdade, mas também, do Evangelho e de Cristo, pois:
é a VERDADE.
CONCLUSÃO: Isto se pode dizer não apenas sobre a Igreja em geral,
mas também sobre cada crente em particular. O que achamos sobre isso, determina
a imagem que se passa a se ter sobre a verdade. Se vivemos uma vida legalista,
se pensamos que o Evangelho é um corselê indecente; se levamos um estilo de
vida anticristão, será dito: o Evangelho tão pouco importa muito. Por isso é
tão importante que se sigam as linhas de Paulo como Igreja de maneira que o
amor chegue ao seu desenvolvimento, pois somente então seremos, como igreja, um
cartão de visita de Cristo, e uma boa plataforma, base ou pedestal para a
verdade.
[1] A Casa de Cristo, cf. Hb 3.5-6
[2] O templo não pode conter ao
SENHOR Deus, cf. 1Rs 8.27; Is 66.1-2; At 7.48 e 17.24-25.
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